segunda-feira, 3 de maio de 2010

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Para quê reparar no que estou vestindo, no que estou calçando, de que jeito está o meu cabelo, se você sempre me vê nua? É quase óbvio agora. Para quê prestar atenção no meu supérfluo, quando você me tem involuntariamente despida, vendo as minhas dobras, os meus segredos e meus defeitos? Para quê você vai querer que eu me cubra de beleza quando você já vê essa feiúra que não sai de mim? Estarei sendo falsa com você, não é?
É por isso que você não vem. Você sabe o que há dentro. É sujo demais, não é? Eu sei, eu sei. O banho é temporário. Momentos depois lá vou eu lhe mostrar o meu talento para fazer você fugir. Mas você fica, não é? Por quê? Você só olha. Você nunca me tomou nos braços porque já pode sentir o gosto da minha carne quando a vê. E sabe que não é boa.
É isso, então. Estou nua. Estou olhando pra você e você está olhando para mim. E eu sei que está morrendo de vontade de fugir.