terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mais nada por hora.

Não te quero por hora.
Eu te decepciono tanto que não sou capaz de me mostrar como eu realmente devo ser. Então você procura despejar a sua ira naquelas que não lhe representam mais nada. Estão vazias. Prontas.
Eu não estou vazia. Mas eu poderia estar pronta se você me mostrasse que iria fazer o que quisesse comigo, e me obrigaria a me preparar. Quando você quisesse.
Mas não é assim que as coisas são. Eu sou outra. A outra das outras. A única que não merece, sabe-se lá para o meu bem ou para o meu mal.
Eu percebi que não é preciso muito. Talvez assim a magia tenha se perdido. É qualquer hora, qualquer lugar com qualquer uma.
Mas não é assim comigo, pois não sou qualquer uma, sabe-se lá para o seu bem ou para o seu mal.
Por isso não te quero por hora, porque descobri que as coisas não são como eu pensava. Sabe-se lá para o bem o para o mal.

Quando você me encontrar...

...porque não sou eu que vou te procurar. Porque eu sei que um dia você vai me encontrar.
Eu vou ficar parada até você parar de desviar o olhar e fingir que não me conhece. Não sei se você virá até mim ou vou ter que ir até você e tocar o seu ombro.
Será que você vai fingir? Será que vai me achar bonita? Será que vai sentir saudades?
Será que irá embora mais uma vez?
Quando você me encontrar eu vou querer saber como você esteve. Como você está vivo. O que está fazendo. E se ainda me ama. Vou querer sentir seu cheiro. Tocar seu cabelo e a sua pele. Independente de como ela estiver. Vou te analisar inteiro. Vou querer te abraçar. Vou querer te beijar. Mas acabarei não fazendo nada.
Vou prestar atenção na sua voz. Nos seus trejeitos. Se ainda fala daquele jeito, como adquiriu outros.
Quando você me encontrar, eu não vou saber o que dizer. Não sei se vou te achar bonito. Não vou saber fazer um cumprimento digno, porque vou estar envergonhada de qualquer palavra que sair da minha boca. Não vou saber me acostumar com um velho novo rosto.
Na noite após você me encontrar não vou parar de pensar em você. O que me intriga é de que forma eu vou pensar nisso. Sentirei raiva. Sentirei ciúmes. Sentirei fascínio. Sentirei qualquer coisa, menos nada.
Quando você me encontrar, vou querer ser eu mesma como você deve se lembrar.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pensando nisso.

'Amamos mais o desejo que o desejado.'
Friedrich Nietszche, no filme 'Quando Nietszche chorou'

domingo, 19 de dezembro de 2010

É por isso que eu odeio liberdade.

Pois quando se é livre, não se pode culpar ninguém.
Eu nasci e cresci sobre asas. Asas livres é claro, porém seguras o suficiente para que pudessem voar por mim. Mas eu cresci, e as asas ficaram pequenas demais para me sustentar.
Quem vai me sustentar agora, senão a mim mesma?
Eu vivo caindo. E caindo sozinha. Ando, tropeço, racho a cara e volto a andar. E a outra queda é ainda mais feia que a primeira. Mas não posso culpar ninguém, então continuo andando e continuo caindo.




Eu acordei do meu sonho porque eu caí. Descobri que sou livre para fazer o que eu quero, mas a minha mente ainda não está preparada para isso. Afinal, eu caí, e agora não sei se vou me levantar. Pois eu sei que, se eu voltar a andar, talvez eu continue a cair.
Então. Vou ficar sentada ou vou me levantar, para logo cair de novo?
Não posso culpá-lo. Não posso culpá-la. Não posso culpar a hora. Não posso culpar a bebida. É tudo sempre culpa minha!





"A culpa é minha e eu a ponho em quem eu quiser!"
Homer Simpson

sábado, 18 de dezembro de 2010

Alcoolizando.

Um dos indícios [cruéis] de que estou finalmente crescendo é perceber que você não precisa saber as coisas a fundo para se sentir bem. Até porque a verdade sempre está lá escondida lá no fundo, e ela geralmente parece amarga ou dolorosa.
É verdade que no mundo dos adultos sempre se preza a inteligencia e a profundidade das coisas. Mas não é usada. Aprendi que as crianças são mais genuínas porque elas, apesar de muitas vezes não saberem, elas SENTEM a fundo as coisas.
E por isso hoje em dia sentir não é legal. Engolimos o que podemos e a língua não sente nada. Só a mente. Ela é tudo para os adultos. O coração ficará de lado, finalmente. Será que para sempre?








Eu não quero crescer. Eu gosto de tudo bem devagar. E doce. E que eu saiba que está tudo realmente bem.

Porque já foi registrado.

Era um sonho cor de sangue. Eu gostaria de falar que era um sonho cor de vinho, pois havia cheiro de ilusório em toda parte.
Mas a verdade é que era cor de sangue, eu estava feita de sangue. Um sangue quente que queria correr livre. Eu estava coberta de sangue, e tudo era intenso, forte, vermelho e brilhante.
Mas o sangue não era suficiente. Meu rosto não havia sangue, nem ao menos rubor. Meus lábios estavam completamente frios, e queriam sangue, mas eu disse, ele não era o suficiente. Nem num sonho pode-se ser suficiente, porque eu não sou suficiente.
O sangue não passava pelos lábios, mas iam direto para a minha cabeça, contaminando-a, fazendo-a quente e poderosa e ágil, e meus lábios pediam, o meu sangue pulsava e distribuía-se...
Mas não houve sangue. Não até que meus lábios se cansassem de pedir e fossem à procura de sangue. A todo custo, a qualquer momento.
Até que houve sangue.
Sangue, muito sangue, e vinho e tudo. Mas imagine, ele não era quente.
Mas era sangue. Lábios se contorciam e tinham mais e mais sangue, e inchavam e esquentavam. O sangue havia se concentrado nos lábios. Tudo estava frio, afinal. Por que não era quente? Por que era outro sangue? Não sei. Eles pediam mais, pois ainda havia esperança. Mas ainda era um pouco frio.

Mas as lembranças são melhores que os momentos. O sangue está quente, afinal. E distribuído. Para tentar manter o sonho vivo. E vermelho. E quente.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Palhaço GuiGui.

Eu nunca gostei muito de palhaços. Só fui gostar mesmo quando fiz quinze anos e assisti uma apresentação de circo [já fui a muitas, mas não gostava], porque era uma idade em que eu não acreditava mais ser criança, e podia gostar do que quisesse sem aquela pitada de infantilidade. Assim como hoje em dia adoro bebês e bonecas, adoro palhaços.
Mas eu já fui um palhaço. Todos nós éramos, eu, mamãe e meu irmão. Três palhacinhos que alegravam a vida da pessoa mais solitária que eu conheço, isso porque ninguém percebia que mil palhaços não resolveriam a solidão de ninguém. Eu era o único palhacinho que não tinha nome de comida. Eu era o palhaço Guigui. Meu nome não é nada parecido com 'guigui', e um dia perguntei a origem do meu nome, e ele explicou, mas hoje em dia não lembro mais, acho que era alguma música, não sei.
Era alguma coisa como 'o palhaço sorri, e lá se vai a Guigui'. O que isso tem a ver comigo é um mistério.
Eu não gostava do palhaço Guigui. Era um alter-ego que tinham criado para mim aparentemente sem motivo, e eu não me sentia um palhaço, principalmente porque nunca fui criança de dar risada. E eu não gostava de pintar a cara. Mas eu tinha um circo. O mundo em que eu vivia era um circo e eu era o palhacinho principal. Eu me lembro que, embora eu não sorrisse tanto, eu provocava muitas risadas nos outros. Todas as pessoas com quem eu convivia sorriam, e pareciam sorrir de verdade. O mundo parecia sorrir, era a imagem mais sorridente do mundo, um quintal pobre, cheio de capim e ensolarado, uma cadeira de praia na varanda e o condutor do meu circo sorrindo para mim enquanto cantava uma música qualquer. Cada dia era um espetáculo, mas o que eu achava mesmo é que eu não provocava o espetáculo no mundo. Cada pessoinha, cada pedacinho, cada raio de sol fazia o meu circo acontecer, e as pessoas sorriam ao perceber isso. Até o sol brilhava mais, e o dia era mais claro, a vida era mais colorida. Como eu tenho esperança de que sempre vai ser, com a inocência muda, mas feliz, do palhaço Guigui, de quem eu me lembrei hoje com um sobressalto, no carro. Uma surpresa enorme, como se algo tivesse me iluminado na minha memória, e agradeço por ter me lembrado de algo tão precioso que é capaz de me encher de paz.


[Terapia de Pretérito]

Para deixar registrado.

Eu tenho sonhos. Muitos, tantos que a quantidade me prejudica. Eu tenho um sonho feito de vermelho e dourado. Eu tenho o sonho de um beijo. Eu tenho o sonho de uma eterna dança, ficar girando e flutuando sem nunca parar, parar para olhar e ver que estou numa multidão. No meu sonho não há multidão. Há só eu. Eu, da cor do meu sonho, e ele, que não tem cor, nem cheiro e nem rosto. Talvez porque ele não exista. Mas ele não me importa. O que importa sou eu. Meu sonho é como eu quero, vermelho e dourado, e não é melhor que o de ninguém. Mas ele é meu. Só meu, e ninguém poderá tirá-lo de mim, ninguém poderá me acordar.
Ninguém vai conseguir me acordar, porque estarei perdida entre o vermelho e o dourado. Ninguém vai me enxergar, assim poderei flutuar e continuar meu sonho como eu quero, pois assim que os outros entrarem nele, o sonho não será mais meu. E deixará de existir.
Mas eu não vou deixar. O sonho é meu e vou continuar com ele até quando eu quiser. É meu e de mais ninguém, e não foi porque eu quis; eu poderia tê-lo compartilhado, mas ninguém quis, então resolvi abraçá-lo, e cheguei a conclusão de que, se ele é só meu agora, é porque era para ser. E é. E será. Quem sabe?



***


Amanhã e depois de amanhã, se Deus quiser, vão ser mais daqueles dias que você sabe que vão mudar a sua vida. Os pessismistas de plantão sempre dizem que esperam, esperam, esperam e nunca acontece nada [principalmente em dia de Ano Novo, mas amanhã não é Ano Novo!]. Eu não estou esperando uma luz descer do céu, nem uma chuva de champagne; eu só desejo que seja um dia maravilhoso o suficiente para ter lembranças muito boas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Terapia de Pretérito - episódio I

A lembrança mais antiga da melhor amizade que eu tinha é, imagine, sobre uma briga. É algo pequeno e insignificante, e eu não sei o que está fazendo perdido na minha memória.
Ok, não era bem uma briga. Era a minha mãe, que ralhava com ele, o meu anjo, enquanto limpava a minha bunda no nosso humilde banheiro, e ele estava na porta, pedindo desculpas. Acho que eu tinha 3. Se eu tinha 3, ele então tinha 4. Estávamos num aniversário, e acho que era o do meu irmão, pois era aqui em casa. Poderia ser o meu também, não sei, pois acho que eu estava usando um vestido azul-escuro que parece ter sido dos meus dois anos, com a festa temática dos Ursinhos Carinhosos. Eu me lembro que ele estava com uma blusa que parecia de frio, de xadrez vermelho e preto. Ele ainda tinha aquele cabelinho liso em forma de cuia. Tão bonitinho.
É uma lembrança meio cômica se eu for indagar o porquê da minha mãe estar limpando a minha bunda na privada com a porta escancarada, e com ele nos observando de lá. Mas é engraçado como as nosas lembranças podem alterar. às vezes ela não tava limpando a minha bunda, mas sim examinando um machucado, que provavelmente ele fizera, e por isso ele estava pedindo desculpas.
Eu tenho quse certeza de que ele não estava pedindo desculpas por estar no banheiro enquanto eu estava quase nua. Eu disse QUASE. É como tentar se lembrar de um sonho. Nos sonhos muitas vezes você tem certeza de coisas que você não viu, mas sentiu.
O que me surpreende era o jeito dele nos pedir desculpas. Ele não parecia ter 4 ou 5 anos. É verdade que ele sempre foi muito inteligente. Além disso, ele tinha o TALENTO de pedir desculpas, por favor, etc. Ele sempre foi gentil, como eu nunca fui, e como nunca vou ser por completo. Ele não era arrogante. Sobretudo por não ter medo de pedir desculpas, como tantas vezes eu tenho. Ele era tão franco, tão... anjo.

[terapia de pretérito] Anjo.

Eu só sabia que anjos e príncipes existiam porque ele existia.
Talvez seja melhor que não exista mais, eu acho. Porque eu nunca poderia ser a sua princesa, como eu fui. Já deixei de ter cabelos curtos e bem cuidados há um tempão.
Mas e ele?
Eu tenho um pouco de medo de saber. às vezes o que eu quero é que ele continue sendo como eu imaginava.

Ele era o meu protetor, disso eu me lembro bem. Ele era tudo o que existia de bom no mundo, um sonho que toda menina tinha o direito de ter, mas não tinha. Oh, como eu era sortuda! E eu sabia disso, lá no fundo, e eu era pura demais para me gabar disso abertamente. Eu só sentia orgulho, e é claro, um pouco de posse sobre ele. Eu era tão feliz!
Ele era meu anjo, meu príncipe, e [orgulhosamente] pela boca dos outros, meu namorado. Namorado coisa nenhuma. Um lado do meu coração estava muito bem reservado para outros, e o outro, só para ele. Essa reserva só podia ter nascido comigo, pois era tão natural, tão inocente, que eu nem refletia sobre isso [como eu já fazia a respeito dos outros garotos].
Eu era tão feliz.

Terapia de Pretérito

Não que ficar remoendo o passado seja um bom hábito; talvez por isso mesmo eu seja adicta a ele.
Mas dessa vez é diferente. Percebi que estou muito ligada a passados que são ao mesmo tempo recentes e dolorosos, que eu já devia ter esquecido, e quando os esqueço, me vem o vazio de um futuro branco e estranho, e isso porque não consigo me contentar com o presente. Alguma coisa me falta, aqueles momentos em que eu conseguia ser feliz de verdade por me sentir completa, me faltam. E esses momentos, pessoas e coisas ficaram tão para trás.
Então eu venho exercendo uma terapia sempre que posso. Volto lá atrás e tento vasculhar lembranças de momentos que não existem mais, e que de forma alguma não seriam retomadas, pois as idades, pessoas, lugares e coisas não existem mais. E aí que está a magia, porque essas lembranças não podem ser maculadas com fatos e remexidas do presente, pois esse passado é tão distante, tão diferente do que eu hoje sou, que as lembranças vão ficar para sempre puras, como a minha vida já não é.
E esse novo negocio de 'remoer passado' me faz bem. É quase a mesma sensação de sonhar que está voando. Uma paz à qual eu me agarro, e não quero deixar ir, pois à medida que eu vou me esquecendo de quem eu fui, mais vou me distanciando de quem eu sou.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Oh, Richard!

Eu não sei se você ainda acha que eu sou diferente de todas, mas agora realmente há uma diferença que FAZ a diferença: eu sou a única que anda tecendo teias.
Eu não sei se é resguardo, eu não sei se é medo, eu não sei se é porque eu só consigo me aproximar de você quando você está na extrema sobriedade, mas é verdade que eu sou a única. Como nós fomos chegar a esse ponto?
É claro que é um pouco de culpa minha. Enquanto eu prefiro que você esteja sério, as pessoas preferem te ver rindo por qualquer motivo. Bem, aí fica fácil para elas.
Enquanto isso eu fico imaginando. Enquanto eu não imagino, eu nego, e você deve perguntar o porquê. Eu vou te dizer por quê: porque eu vou querer mais. E pedir não é do meu feitio, pelo menos não a qualquer hora, em qualquer lugar. Eu queria que fosse especial. Se não for, é melhor que nem aconteça. Não quero ter decepções. E eu quero que isso parta de você, para que seja genuíno, que seja do seu jeito. Se eu disser o que eu quero, tenho medo de não ser o que você quer.
Até porque a verdade é que eu não quero nada, não imagino nada, não vejo nada. O que você quiser eu vou querer, e você vai poder fazer o que quiser comigo.
Eu espero que quando esse dia chegar [porque ele vai chegar], você não se decepcione. E que esteja tão sério comigo como esteve esse tempo todo, porque eu gosto assim.
Até porque, suas melhores demonstrações [a mim] não foram feitas à base de ilusórios. Você estava apenas à base de uma felicidade extrema em estar comigo. Será que isso vai se repetir algum dia?
Eu só sei que, enquanto esse dia não chega, eu sinto ódio pelos que conseguem. Mas esse ódio é só enquanto dura o ato. No fundo há um secreto prazer em estar longe. O que não se tem deseja-se mais. Eu não sei se isso acontece com você, porque nós somos tão parte um do outro que você não precisa me usar para me sentir. Mas em todo caso...
ah, deixa pra lá. A minha teia está aqui, ainda. Firme e forte. Esperando por você.
Annie,
a conversa não tomou o rumo que ele queria. Bem feito. Eu sei que você daqui a pouco vai me encher de remorso e pensamentos dolorosos sobre como eu tenho sido má e me comportado como uma velha coroca, mas enquanto isso nao acontece, vou te dizer o que eu sinto.
Eu sinto que cada vez mais me escondo nas únicas armas que tenho: as palavras. É claro que eu nao consigo fazer Richard se ajoelhar por causa delas, mas o mundo não é como Richard. Richard é único, e para ele deixo meu silêncio, porque quem pode dizer é ele. Eu não.
Mas eu não estou pensando nele. Estou pensando em Jack. O mundo ao meu redor é ingênuo e chato como Jack, e faço uso das minhas armas para me trazer um pouco de ego e soberania. As palavras não são minhas, ou melhor, não são eu, elas tem vida propria. Elas se soltam de mim e vagam pelo ouvido alheio como algo inteiramente desconhecido, e então, assustador.
Isso é bom. Cada vez mais tenho me refugiado de palavras difíceis e explicações etimológicas para me convencer do quanto eu posso ser BOA. O mundo então me acha inteligente e feliz.
Agora você deve estar se perguntando a troco de quê eu ando fazendo isso. Afinal é fato que eu não sou uma pessoa burra em questão de conhecimento, mas mais fato é que o meu conhecimento não é tão grande quanto as pessoas pensam. Você sabe que eu ando enganando todo mundo.
Exceto Richard. Ele não se engana comigo, e não deixa que eu me engane. Toda vez que eu penso em mim mesma, eu penso nele. Ele é parte de mim como Jack nunca será. Nem este mundo chato e idiota que eu governo com tanta facilidade e orgulho. Mas que as vezes me enoja.
Bom, voce deve estar mesmo se perguntando. A resposta é que eu não sei. Na verdade eu tenho muitas, mas não sei qual é a verdadeira. Eu só sei que isso não é bom.
Talvez seja o meu senso de atriz. Eu sou uma atriz, representando uma mulher linda e inteligente que tem resposta para tudo à base de palavras difíceis e teorias mirabolantes que, apesar de serem verdadeiras, quase ninguém entende [exceto Richard, é claro]. Então, como eu estou representando, eu sou muito mais fácil de falar e fazer quando sei que estou representando. Não sou nada quando sou eu mesma. Muito menos inteligente. [oh Richard, você é o único que sabe!]
Portanto, quando eu volto a mim, o remorso vem. A atriz chegou em casa e tirou a maquiagem. Que desastre que ela é!
Outra resposta é que esse negócio de machucar está entranhado em mim, na sede de fazer com que as pessoas se ajoelhem diante de mim. Sim, eu sempre tive um rei na barriga. E esse rei é quem manda! Eu gostaria de ser capaz de tudo para chamar atenção. Eu danço para chamar atenção. É verdade que não tenho conseguido tanto êxito, mas quem sabe um dia... e [admito] sou má para chamar a atenção. O mundo está cheio de pessoas que elogiam umas às outras. Outro dia encontrei velhas amigas e fui falar com elas. Eu não podia me portar como eu faço com minhas novas amigas, falando o que eu quero em qualquer tom. Eu tinha que ser uma pessoa cordial e exibir um sorriso parecido com os delas [caso contrario elas desatariam em me olhar de esguelha e falar mal de mim, o que eu incrivelmente não suporto], mas tudo o que eu consegui foi sentir que eu estava fazendo uma careta de hipócrita. Eu tive vontade de arrancar meu rosto naquele dia. Eu não estava linda. Eu estava um lixo.
Bom, mas sobre ser má para chamar a atenção... eu vivo num mundo de pessoas diferentes, e já estou cansada disso. É fato que elas são diferentes, mas é incrivel como elas exibem isso como se fossem um troféu! É CLARO que não é direito eu estar sentindo isso, mas é a VERDADE. Eu não gosto do modo como elas se portam. Eu não gosto do jeito que andam, que se vestem, não gosto dos segredinhos. E gosto muito menos de as pessoas olharem para elas de um jeito feio. Eu tenho trauma de pessoas olhando feio, porque as meninas costumavam me olhar feio. Eu sinto muita pena.
Mas pena hoje em dia é o caralho. Eu sinto é raiva mesmo. Raiva de eles se autointitularem 'anormais'. Eu não gosto disso. Eu até gostava de ser diferente, quando ser diferente chamava realmente a atenção. Só que hoje em dia ser diferente é um saco. Porque todo mundo quer ser diferente, então há uma tal mistura de falta de senso e exagero em roupas, cabelos e gestos que eu fico sufocada. Então eu sou má, faço eles quererem pensar em como eles são idiotas por serem diferentes. Isso vai machucá-los um pouco, mas e daí? Ja me machucaram também.
Estou me dispersando, Annie. Já não sei mais o que escrever. Mas é fato que eu ainda estou com a raiva guardada no peito, e isso me fará parecer mais velha. Não vai não. Eu sou bonita, eu sou jovem, eu saio de casa e me divirto. Mas me divirto mais quando piso nos dedos de alguém.
Falo mesmo.


E na moral, eu não sei como as pessoas NÃO acham que sou má, apesar de tudo. Eu vomito todo tipo de idiotice no ouvido delas, mas elas continuam achando que eu sou alguém de valor. E quer saber? Isso é legal. Isso ajuda a manter a minha soberania no alto.
No entanto, Richard, que é o único que tem o poder sobre mim, é o único que percebe e condena a minha malvadeza. Que estranho, não?
Mas eu sei por que. Porque ele é parte de mim, sim. E não Jack. Não este mundo ridículo, que eu amo governar.

Beijos, Annie. E não venha com pensamentos açucarados para mim.
Da sua malvada,
Capitu.

sábado, 14 de agosto de 2010

A Menina do Porta-retrato

Sabe por quê ela está bem por ali? Porque não tem ninguém mais ali. Só ela e a paisagem.
Tudo ali está para ela, assim como ela está para o lugar. Tudo foi ajeitado para que ela estivesse ali. E ai se mais alguém houvesse de estar ali. Aquele lugar foi feito para ela.
Ela está bem ali porque tudo conspira para que estivesse. Porque ela estava sozinha ali. Todos olhavam só para ela, não era para o mato ou para um figurante qualquer. Naquele mundo não havia figurantes. Ela sabe que um figurante um dia pode se tornar um protagonista. E aí, a quem pertenceria aquele porta-retrato?

Aquela que tinha olhos grandes e amarelos.

É. Do verbo 'não tem mais'.
Eles estão brancos agora, e sabe Deus por quê.
Ok. No fundo no fundo eu sei que a minha vista é que estava embaçada. Não me culpo por isso. Ciúmes deixam qualquer um com a vista amarela, roxa, verde, sei lá.
Mas eu não vou falar de mim. Eu vou falar dela.
Ser feio ou idiota é legal pra caramba, e estou vendo que isso não é coisa de filme americano. Na vida real você também fica surpreso ao ver o sapinho virar uma princesa.


e deixa eu falar, porque eu não sou uma menininha de Deus. Eu MORRO DE ÓDIO disso.

Little White Lies

É fato que, ao mentir, você se torna uma pessoa interessante. Pelo menos para você mesmo. O seu ego aumenta mais um cadinho, nem que seja no faz-de-conta.
São assim, mentiras bobas de cotidiano, para que você possa ganhar seu troféu de engraçado, inteligente e antenado.
Eu te perdôo por isso. Eu te amo e amo as mentiras que você conta, porque é nelas que eu me identifico. São concordes simples, só para que eu não me sinta perdida, não é? Eu gosto.
Além disso, eu te perdôo porque eu SEI que são mentirinhas que não vão me afetar quando eu estiver mais longe. Porque o que eu sei, eu sei que sei. Mas o que você sabe?

Sabe, eu sou uma idiota completa, e todo mundo sabe disso. E sabe o quê? Agora eu estou ADORANDO ser uma idiota. Ser interessante todos os dias é um fardo enorme para carregar, uma luta diária.


domingo, 6 de junho de 2010

a Verdade está fugindo de mim... de novo.

Nunca me importei muito sobre a ética de acusar as pessoas. Na verdade eu nunca tive oportunidade para tanto, eu sempre fui uma garota que tentava evitar brigas [enquanto pôde], então nunca liguei para esse negócio de tomar cuidado com o que fala. Isso só começou a acontecer [e a doer] agora, que estou no meio de um furacão de pessoas e acontecimentos, e muitas, muitas discórdias.

É aí que a palavra 'verdade' começa a bater. Todos querem a verdade, mas a quem a verdade quer? Eu sempre me achei merecedora da verdade, e talvez seja por causa disso que ela nunca pára definitivamente ao meu lado; nos últimos tempos eu tenho tentado conquistá-la à força, embora o meu lado mais racional saiba que isso não é a coisa certa a fazer. Esse lado está tentando tomar o lugar do lado passional, que tem feito um bocado de estrago na minha vida. Eu tenho me tornado alguem muito passional e egoísta. Ou sempre fui?

Mas o mais ENGRAÇADO nisso tudo é que... eu não sou a única a ser assim. Eu não sou a pessoa mais má do mundo. E há pessoas do meu lado muito mais manipuladoras que eu - embora não pareça, mas é verdade! Eu nem sou manipuladora por querer. As minhas maiores 'maldades' acontecem quando não as vejo direito, entende? São quase que por acaso. Quando tento bolar um plano maligno, minha cabeça se esvazia. No entanto, eu tenho a fama de maligna.

Bem, mas há pessoas manipuladoras perto de mim. E quero saber quem são. Ou se são realmente manipuladoras. Eu não quero me fazer de vítima por nada, já chega de ficar inventando motivos pra me fazer de coitada. Mas e se no final das contas eu carregar a cruz de outras pessoas que não quiseram carregá-la, e a jogaram nas minhas costas? E se eu as acusar de fazer isso e no final das contas não for verdade, e eu for mais uma vez chamada de maligna?

Eu estou tão cansada de ficar me perguntando por tudo. E o pior de tudo é que essas perguntas não solucionam meu mundinho brega. Me sinto uma ridícula. Sério.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"A alma é cheia de mistérios"

Nunca fui uma garota boazinha e nunca tive muito tempo para pessoas boazinhas. Admito isso agora, com alguma relutância e [quase] nenhum orgulho. É legal se aceitar como é, e de preferência corrigir os defeitos que se encontra, mas quem disse que eu sou boazinha o bastante pra fazer isso?
Eu tenho todas as características para ser uma grande pessoa. Mas não sou. Eu me sinto como o anjo Lúcifer, que caiu em desgraça justamente por causa de sua luz. Por não saber como usá-la bem, só saber que queria mais.

Agora eu não sei se rio ou se eu choro. Eu rio por causa da minha mediocridade diante dos acontecimentos que são só uma consequência dos meus atos passados. Eu sou uma pessoa digna de risadas, embora não suporte quando elas de fato acontecem.

Hoje algumas pessoas foram verdadeiras comigo. Pessoas que eu estimo muito, e por isso [acham que] têm o direito de falar o que quiserem de mim, justamente porque, como não sou uma pessoa boazinha - embora as minhas maldades sejam feitas de olhos fechados, isto é, eu não as percebo de fato -, como não sou uma pessoa boazinha, eu falo coisas um tanto feias para os outros [embora muitas vezes eu não pretenda]. Então elas se rebaixaram ao meu nível: disseram palavras que me machucaram um pouco. Estou tratando de esquecê-las, mas quem disse que não são importantes? São a mais pura verdade.
E eu sinto que tenho que aguentar a verdade. As pessoas acham que eu me sinto a dona da verdade, que se acha no direito de dizer tudo o que quer - e o faz. Às vezes realmente há aquele diabinho mordendo minha alma e fazendo ela vomitar coisas não muito delicadas, mas as muitas vezes em que eu 'não falo por mal', são justamente as que mais machucam os outros. Tenho que ficar mais vezes calada. Onde foi parar a educação que a minha mãe me deu?

E hoje algumas pessoas foram falsas comigo. Não totalmente, na verdade, foi só questão de poucos gestos, para nós nos sentirmos mais próximos um do outro - coisa que nunca me dei o trabalho de fazer, e por quê? porque não sou uma pessoa boazinha. Sempre fui invejosa. Talvez porque nunca tive um namorado. Talvez porque nunca ganhei um buquê de flores de um garoto.
Mas esses fatos são irrelevantes. Na verdade são só acontecimentos que me doem um pouco porque eles se repetem enquanto eu vou mudando - para pior. Mas sei lá.
Bom, mas hoje as pessoas foram falsas comigo. Falsamente simpáticas. Porque eu resolvi ser falsamente simpática hoje. Mas se quer mais um pouco de contradição, permita-me dizer que minha inveja esconde uma grande admiração - o que acontece com quase todo mundo, eu acho - e portanto minha falsidade não é pura, ela caminha junto com a alegria de tentar me aproximar de algo que considero muito maior e melhor que eu.
E fiz isso hoje. Colei um sorriso no rosto e fui simpática. E INCRIVELMENTE eles se rebaixaram ao meu nível e - imagine - foram falsamente simpáticas, como eu disse. Estou com vontade de rir por isso também. Porque toda vez que saio de casa querendo ser falsa com alguém, esse dia não cria motivos para que isso aconteça. Aí eu deixo a ideia de lado, com alguma vergonha. Mas hoje isso não aconteceu. Fui falsa - e me corresponderam!

Só por isso me dá vontade de rir e chorar. Rir de como é bom esse mundo hipócrita, criar ilusões e ainda conseguir conviver confortavelmente nele, coisa que eu faço muito bem, apesar de ter uma cabeça cheia das discussões acaloradas dos meus amigos inteligentes e contestadores. E chorar por perceber como eu fui idiota esse tempo todo, evitando sorrisos verdadeiros por um negócio chamado MEDO. Medo da rejeição. Medo do ridículo. Medo de não me corresponderem e meus acenos ficarem soltos no ar. Daí vem a minha maldade, o meu ridículo, o seu sangue podre.


Uma coisa interessante é dizer que eu não sou boazinha comigo mesma. Sim, eu ponho em prática todas as lições de educação que a minha mãe maravilhosa me deu, não desrespeito e não jogo lixo na rua e não piso em rabo de gato, e me sinto culpada quando mato insetos. O meu mal é não saber me comportar diante de coisas bonitas da vida. Nunca tive muita paciência para abraços e palavras de carinho, muito menos das pessoas com quem eu não tenho intimidade. Talvez porque quando eu era criança, algumas delas me rejeitavam sem motivo nenhum. Me empurravam, falavam mal do meu cabelo e dos meus modos e não queriam brincar comigo. É verdade que eu tenho meus amigos hoje em dia, que [NÃO SEI COMO] gostam de mim de verdade, apesar de se magoarem com a minha falta de senso muitas vezes. Enfim, estou mais receptiva quanto às pessoas ao meu redor. Até tento me controlar, mas ainda resta um demoniozinho da inveja e da raiva dentro de mim, e ainda não sei como me comportar quando vejo alguém na rua que eu conheço há anos e que não nos falamos. A verdade é que agora é que eu estou sofrendo [enfrentando] as consequências que a minha falta de jeito, coisas muito antigas que, agora vejo, foram erros enormes. Erros que eu cometo não por causa dos outros, por causa de mim.
Eu só não sou boazinha porque não tenho muito amor-próprio. E nunca tive muito tempo para pessoas boazinhas porque elas tem amor-próprio e sabem usá-lo bem. E eu tenho inveja delas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

...

Para quê reparar no que estou vestindo, no que estou calçando, de que jeito está o meu cabelo, se você sempre me vê nua? É quase óbvio agora. Para quê prestar atenção no meu supérfluo, quando você me tem involuntariamente despida, vendo as minhas dobras, os meus segredos e meus defeitos? Para quê você vai querer que eu me cubra de beleza quando você já vê essa feiúra que não sai de mim? Estarei sendo falsa com você, não é?
É por isso que você não vem. Você sabe o que há dentro. É sujo demais, não é? Eu sei, eu sei. O banho é temporário. Momentos depois lá vou eu lhe mostrar o meu talento para fazer você fugir. Mas você fica, não é? Por quê? Você só olha. Você nunca me tomou nos braços porque já pode sentir o gosto da minha carne quando a vê. E sabe que não é boa.
É isso, então. Estou nua. Estou olhando pra você e você está olhando para mim. E eu sei que está morrendo de vontade de fugir.

sábado, 20 de março de 2010

É isso, afinal.

É como se eu fosse tocar violino depois de muito tempo sem estudá-lo, e tocasse tudo desafinado por causa da falta de prática. As notas saíam quase que ao contrário do que elas deviam soar. E depois de tanto ouvir minhas melodias desafinadas, resolvesse abandonar o instrumento, pois se eu estivesse em má forma, eu preferia não apresentá-la a ninguém. A frustração estaria somente dentro de mim.
Até que um professor de música se aproximasse e quisesse ver meu desempenho, afinal sabia que dentro de mim havia luz, e até certo talento. Ele tinha um pouco de razão; eu sabia solfejar e sabia o ritmo certo da música. Tudo estava claro na minha cabeça. Ele sabia disso, ele havia passado a partitura comigo.
Mas e os meus dedos? 'Não há nada de errado com os seus dedos', ele disse. 'Vamos, use-os'.
'Eu não sei.'
'Você o quê?'
'Não sei. Eu sei a partitura, mas não sei mais as posições dos dedos nem a afinação. Eu nem sei tocar esse troço direito.'
'Aposto que você sabe.'
'Não, eu não sei.'
Não, eu não sabia. Se eu não sei algo por completo, se eu não sei passar aquilo direito para algum outro ouvido, ou fazer algum improviso em cima daquilo mantendo a ideia principal, então eu não sei. Eu não domino a ideia, logo não a compreendo. Não existe meia verdade, meio saber. E não existe meio violino, que eu possa tocar sem usar os dedos, ou meia música, que eu possa tocar sem instrumento.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Para ele... que me pediu isto, mas nunca o verá.

Você pediu para que eu escrevesse sobre mim. Apesar de eu não ser uma pessoa excepcionalmente notável, minha história até que dá um bocado de linhas. Você estará dormindo antes de ler a metade dela, com certeza...
Não sei você, mas acho que eu tenho tempo. São quase onze horas, e meu sono não é o bastante para que eu sinta saisfação ao cair na cama e dormir logo, e eu preciso realmente sentir isso, caso contrário eu ficarei rolando por lá até as quatro da manhã. E isso não é bom. Ficarei mais exausta do que já estou.
Mas você deve estar perguntando por que eu estou tão exausta, se acabei de começar. Não, eu não estou começando. Estou me preparando para terminar. Não é bem 'terminar', mas sim prosseguir. Apesar de ter aprendido muita coisa, sinto que não sou nada comparado àquelas pessoas que admiro tanto, que realmente fizeram alguma coisa por seu destino.
Estou exausta também porque o mundo é muito exausto. Cada dia exige-se mais dele, e parece que quanto mais as pessoas se esforçam, menos preparadas elas ficam. E isso é IRRITANTE. É uma fase da minha vida que todos passam [e passam mal, literalmente, muitas vezes], alguns fazem escolhas certas, outros não. Eu acredito que as minhas escolhas estejam certíssimas, mas o preparo para elas ainda é fraco. Há tanto o que fazer, tanto...
E terei que abrir mão de muitas coisas. De muitas pessoas que amo e de você, que eu poderia amar muito. Eu te acho alguém realmente especial e admirável desde a primeira vez que o vi. Isso é bom. Faz tempo que não conheço alguém assim. Geralmente eu descubro que as pessoas que já conheço são assim, mas de cara, como você, é quase impossível. A última vez se resultou num desastre, e não me permita lembrar como, por favor. Tudo o que eu preciso é de você. Você tem sido uma divertida e inteligente distração. Eu te vejo como uma pessoa bonita, sabia? Eu gostaria de lhe dizer isso, mas acho que já sei o sorrisinho irônico que você vai dar. Mas quer saber? Eu adro ele.
Mas chega de falar de você. É para falar de mim... é aqui que a minha 'composition' começa, como você pediu.
Para começar, você me fez ver que eu mudei muito. Eu percebi isso quando você disse que eu não era muito parecida com meu irmão, o que é um MILAGRE. É claro, porque você não viu aquela menina quieta e sonolenta, que não acrescenta nada na sua vida, mas viu uma menina disposta a fazer alguma diferença no mundo. Para aprender a fazer essa diferença foi preciso um esforço enorme e muitos, muitos erros. Erro até hoje, se quer saber. Mas é com esses erros que eu aprendo.
Tudo o que você vê não é o que eu sou, mas o que eu quero ser. Você deve estar se perguntando se, eu estou sendo aquilo que eu quero ser, o meu objetivo está feito. Não está não; há muito o que melhorar. Isso é só o começo.
Eu sou uma garota cheinha, com um cabelo parecido com o daquelas menininhas fofas de capa de caderno Jolie. Esse cabelo não sou eu. Mas é o que eu sempre quis. Ele não pertence de fato a mim, porque eu o aboli por muitos anos com o vício do secador, com o desejo de ter uma autenticidade [para que pessoas como você consigam me ver] que procurei por muitos anos e só fui achar agora.
Eu disse que eu era cheinha; mas olha só, isso depende do seu ângulo. Como você só me vê sentada, estudando, deve imaginar que eu seja alguma nerd tentando chegar a algum peso satisfatório, mas não conseguindo. Eu sou uma pessoa que engana em muitos aspectos, principalmente na estética. Eu tenho que te dizer uma triste verdade: eu sou uma bailarina. SOU. Gorda ou magra, isso está dentro de mim, desde os meus cinco anos. Eu sinto isso, e essa é a minha integridade, então, mesmo sendo meio difícil, tente olhar o ângulo onde você veja uma bailarina, uma pessoa que se sente uma bailarina. Porque não chego e faço a aula e pronto. Eu gosto de entender a filosofia de cada passo, cada nervo e vértebra se alongando em cada lugar, a rotina das aulas é especial, a força que aplicamos para que pareçamos leves é extremamente especial [e difícil]. Eu sinto isso, e eu tenho que dizer que é mágico.
Sim, meu corpo é algo mágico [cheinha como sou e tendo uma elasticidade como eu tenho, nem é mágica, mas sim um milagre!], e isso aumenta num palco. Eu sou doente por palco. Quero estar lá de qualquer jeito, dançando ou tocando. Sim, eu toco um instrumento, o violino, e apesar de ter começado recentemente, eu descobri um amor tão grande pela música quanto pela dança. Eu sinto, sabe? Eu sinto meu coração bater mais forte.
A minha ligação com a arte é muito grande, desde pequena. Eu costumava desenhar e pintar muito, e isso foi o ponto de partida para o meu feeling artístico, embora só tenha durado a época da minha infância. Entendo muito de cores e formas, mas eu não consigo desenhar um rosto bem feito ou um pé, uma mão, uma árvore. Talvez tenha sido a falta de prática, porque na verdade eu perdi a vontade porque não conseguia reproduzir as minhas ideias no papel, e isso quando eu tinha ideias.
Porque não costumo ter ideias. Eu costumo realizá-las. Não gosto de pensar em mim como uma professora, uma coreógrafa, escritora ou compositora, simplesmente pelo fato de ter que criar muitas coisas, métodos e outras. Eu posso aperfeiçoar uma ideia e executá-la, mas só se você me disser algo primeiro. Eu sou muito boa com atividades manuais, entre elas, escrever, às vezes. Mas eu não escreveria um livro, pois um livro é algo importante demais para ser escrito banalmente.
Muitas pessoas me superestimam, mas acho isso uma droga. Eu gosto de me sentir especial, gosto mesmo, mas ficar falando que eu sou uma pessoa notável é um exagero. Porque eu sinto que a minha imaginação é algo diverso, mas não permanente. Eu não consigo ter ideias de uma hora para outra, principalmente sob pressão. Pressão é uma coisa que eu odeio.
Ah, você disse que eu parecia uma pessoa legal. Eu sou legal, sim. Mas só até você se acostumar comigo. Na verdade é o que acontece com todas as pessoas, mas as pessoas se decepcionam muito comigo, e quando isso não acontece, eu é que me decepciono com elas. Isso não é nem um pouquinho legal, né? é estranho dizer, mas eu me canso das pessoas. Eu gosto daquelas que me intrigam, que me fazem pensar o tempo todo, para que no final eu aprenda algo. Sofro muito com esse tipo de pessoas, dizem que eu devia me afastar delas, que elas me fazem mal, e de fato fazem às vezes, mas estou aprendendo a ser menos vulnerável. Estou aprendendo a ouvir a verdade e não me esconder dela, para ter menos dor. É disso o que o mundo precisa.
E você é bem intrigante, sabia, moço? Por mim eu me casaria com você, mas acho que a minha mãe não ia gostar muito disso. Ela acha você estranho. Mas não me importo, eu sei que você é legal.
Uma vez me disseram que eu era uma grande mentira. É a única verdade, eu acho. Eu sou aquela mentira que você adora contar para todo mundo, mas ela te machuca porque você sabe que não é verdade, mas a mantém para sobreviver. Mas eu estou procurando pela minha verdade, e os seus olhos me dizem que estou começando a achá-la.
E parece que agora eu estou com sono. Acho que vou dormir. Espero que você esteja bem. Eu imagino você dormindo, deve ser muito bonito. As minhas amigas não o achariam, talvez por causa dos seus dentes, mas eu não ligo para isso. Há alguém que eu amo que tem dentes brancos, bonitos e pontudos, que me mordem tanto por dentro quanto por fora, e isso me machuca todo dia. E espero que você não seja capaz disso. Porque você é uma fuga agora. Uma fuga básica, mas necessária.
Te adoro.


'God Is In The Rain!'

Só achei engraçado.
Aqui foram dois meses SEM chuva. DOIS. Ou, o verão inteiro.Enquanto no resto do Brasil tinha gente andando de caiaque na rua, aqui nesse finzinho de mundo de planície estava curtindo o melhor verão [assim pensam os praieiros de plantão, que não ficam na minha cidade, mas viajam para o município vizinho onde tem praia].
Hoje o mundo parecia que ia acabar. As nuvens eram mais pretas do que a situação em que as plantas daqui estavam, secas daquele jeito. E o vento e as pessoas olhando pro céu parecia uma cena que vi na TV que acontecia antes de um tornado chegar. Era um pouco apavorante, mas todos já esperavam. Meu professor de biologia disse que só ia chover amanhã, e vendo o dia de hoje, eu já imaginava que ia cair uma espécie de dilúvio.
E agora estou em casa... e está mesmo chovendo. Cadê o dilúvio? Não tem. Só há alguma chuva e algum vento. Daqui a pouco ela vai parar.
Eu estava olhando a chuva e lembrei do filme 'V de Vingança', quando Evey diz que Deus está na chuva. Sim, a frase possui todo um sentido figurado, mas enquanto olhava eu resolvi pensar no sentido literal, para ver se dava certo.
Sim, Deus estava na chuva. Trouxe a chuva aqui não para acabar de vez com tudo [porque se houvesse um 'diluvio', imagine quanto preju ia dar??], e Ele foi muito bom conosco [o que não significa que não haja a possibilidade de haver um certo toró amanhã].
Mas não sei. Ele foi muito bom com os habitantes dessa cidade, mas não teve pena dos outros lugares, que estão embaixo d'água agora. Deus escolhe o que acontece?
Acho que não.
Deus está na chuva que acontece por algum motivo. Se você muda o curso dela, você muda o seu curso. Se você cria problemas para ela, ela cria problemas para você. A natureza não está revidando. Ela está se protegendo.
Mas estamos todos mudando. Houveram dois meses sem chuva. Haverão dois meses com chuva também, ou já compensamos o trabalho, pelo verão passado só ter tido chuva?
Let it rain.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"tomorrow, is a different day." (8)

Sim, é amanhã.
Começará o novo ano, de verdade.
O último ano.
O começo do fim.
Ou o fim do começo.
É isso aí.
Vou juntar todas as minhas forças, preciso pensar em mim, pensar no que eu sou e no que eu quero ser, e seguir em frente.
Porque não há nada feito e há muito o que fazer.
Vamos lá.
Boa sorte.
O futuro é agora.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Só sonhos malucos. Nada mais. [?]

Hoje eu sonhei que eu estava numa creche. Essa creche existe e é tipo uma ONG que cuida de crianças carentes para que elas possam estudar, brincar, fazer balé, judô e outras coisas nessa creche.
Eu não me lembro do sonho, só que estava extremamente calor e eu ouvia as pessoas comentando e o noticiário na pequena tv na minha frente sobre o aquecimento global que estava afetando o mundo todo; na tv acho que estava mostrando um iceberg derretendo ao vivo no mar, e o céu era completamente laranja.
Minha mãe, que faz uns serviços para essa ONG, estava com uma criança no colo, acho que era uma menina, e disse qualquer coisa para mim sobre 'pegar' uma criança, ou 'seu filho', sei lá o que ela disse. Então um menino chegou, eu estendi os braços para ele e ele sentou no meu colo.
Era lindo o menino, do jeitinho que eu gostaria que meu filho fosse, branquinho, com cabelos pretos lisos... acho que ele tinha uns 2 ou 3 anos. Se parece muito com um menino que vi numa sorveteria na quinta-feira e com o priminho do meu ex namorado. Enfim, aí a gente começou a conversar, ou melhor, fui puxar papo, pois o menino era tão bonito! Eu não me lembro sobre o que conversamos. Era alguma coisa que era preta, acho que um instrumento ou máquina. Aí, pelo que eu me lembro, o menino se virou para mim, me encarou com os olhinhos meios incrédulos e perguntou algo que começava com 'então você acha que os pretos são?...' e não me lembro do resto. O que eu sei é que era como se ele estivesse me perguntando se eu achava que o preto era 'indigno'.
Aí o sonho mudou. Acho que eu estava na escola de música, e acho que o garoto que um dia me beijou no rosto e disse que eu era muito bonita estava falando comigo, e eu tentava me desvencilhar dele [como eu fiz nos últimos dias de aula hahaha]. Acho que ele estava me chamando para sair, mas eu disse que tinha outra coisa para fazer. Tenho que dizer que esse garoto é feio pra caramba, com olhos meio esbugalhados e dentes proeminentes, apesar de um certo talento para tocar violoncelo.
Aí a cena mudou e eu estava em um restaurante chique, os homens de smoking e acho que tinha um prato de lagosta na minha frente e eu estava com um pedaço dela na mão [nunca comi lagosta]. Eu estava muito bem até que esse mesmo garoto feio que havia me chamado pra sair apareceu todo sorridente [oh Deus!], vestindo um smoking! Tudo o que eu lembro é que ele disse algo como 'eu sabia que você viria aqui, foi tudo planejado para que você estivesse neste lugar comigo'. Acho que era isso.

Sonho engraçado.
O menino que sentou no meu colo é da única etnia que eu gostaria de parir, e no entanto ele me perguntou se eu achava que os negros eram indignos. O menininho era extremamente inteligente, ele falava de um jeito quase adulto. Extremamente bonito.
E aquele garoto horroroso armando pra me encontrar num restaurante chique. Era só o que me faltava, até porque digamos que ele não é uma pessoa exatamente rica...

"O mundo é daqueles que ficam em cima do muro."

Sim, foi isso o que ela disse, antes de fechar a porta do quarto sutil, mas teatralmente. Se ela conseguiu causa impacto em mim com essas palavras? Sim. Odeio admitir, mas sim.
Eu devo mesmo estar cometendo um erro. Mas eles também estão. ELE também está. Todos estamos.

Posso dizer que, para começar, a culpa É SIM dele. Admitamos. Foi ele que não quis mudar sua estratégia e suas maneiras. Pelo contrário: quanto mais erra, mais apela, como se não soubesse fazer outra coisa. Não é de hoje que sabemos que ele não é versátil. Ele está sempre errando e não sabe o porque, ou melhor, nao quer saber o porquê. Ele, como qualquer homem, quer estar sempre certo e faz tudo por isso. Até enganar os outros.
É claro que ele não faz isso o tempo todo. Mas na metade das vezes. Muitas vezes não sei distinguir se o que ele está falando tem razão concreta ou não. Julguemos ele pelo que faz. Mas julgaremos também quando não faz?

Agora vou falar dela. É a menos culpada e a mais sofrida. Eu a entendo muito bem, embora ela pense que não. Isso é natural, afinal ela pensa que eu sou muito parecida com ele, e assim, não sou capaz de compreender sua graaaaande história vital. Sim, ela tem razão, sou muito parecida com ele, e em vez dela fazer cara feia para esse fato, ela devia é dar mais valor ao que eu falo, pois apesar de parecer 'cegamente a favor dele', na verdade são explicações para o que ela considera inexplicável [o que muitas vezes são coisas fáceis de entender, mas a raiva acumulada durante 20 anos cega os seus lindos olhos e sua mente], fazendo com que ele não seja uma pessoa inteiramente culpada e ela não esteja inteiramente certa de suas ideias. Aliás, quem é que está completamente certo ou errado nesse mundo, nao é?
E eu ser parecida com ele não significa que eu seja ELE. Então mais respeito por favor. Eu sei que ela não liga, mas sabe o que é engraçado? É que ele fala a mesmíssima coisa que ela:
'você tá muito parecida com ela!', e fecha a cara. Igualzinho a ela. Tsc, tsc.

Então eu não estou em cima do muro, EU SOU o muro. E não tenho culpa disso. Eu posso até escolher a quem defender, mas acho isso antiético, pois acabei de dizer que ninguém nesse mundo está completamente certo ou errado.

'Antiético' é a palavra certa para Elezinho. Tão pouca idade [mental] e já fazendo escolhas tão grandes e rápidas. Não vou dizer que eu nao era assim na idade dele, mas eu não havia quem me disesse que questões familiares são delicadas demais para tomar decisões concretas. Além disso, eu não sou exatamente como ele. Ele sempre consegue o que quer por insistência. Eu muitas vezes cedo as minhas ideias pela insistencia dos outros [insistencia é uma coisa que me incomoda MUITO]. Um dia desses ele me chamou de altruísta, e disse que isso era patético da minha parte.
Admito que às vezes é mesmo, por eu não manter as minhas ideias por causa dos outros. Mas ele é egocêntrico ao extremo, também. Ou melhor, nao é egocêntrico, mas birrento, insistente. se bem que isso não vem ao caso.
O que vem é que Elezinho sempre teve medo dele. Nada surpreso, pois eu também tive. O negócio é que ele continua tendo medo dele, e não sei por quê. Aliás, agora Ele está pegando muito mais no pé de Elezinho. Mas sabe o quê? Ele faz por onde.
O que é bastante engraçado, pois Elezinho não faz NADA. Admito que Ele me dá uma folga maior, talvez por eu exercer as minhas habilidades, hum, 'artísticas/atléticas' [o que faz Ele muito orgulhoso], e não ter tempo para o resto, enquanto as habilidades de Elezinho são ficar comendo, dormindo e sentado na frente de um computador [o que não orgulha a Ele, pois ele odeia crianças sedentarias e gordas]. Mas acho que o que faz Elezinho culpado é o extremismo excessivo: de tanto medo Dele, acabou por se apoiar demais a Ela, se escondendo debaixo das suas saias o tempo todo, o que não deixa Ele muito feliz.
Daí, pela influência excessiva dela, ele adotou toda a postura que na verdade pertence às mulheres sofredoras, e logo não combinam com ele. Ele tomou as dores e adjetivos dela com relação a Ele, e os dois passam hooooooras rindo e falando mal dele pelas costas. Consequentemente, ele me contraria em tudo, por eu não apoiar totalmente as ideias dos dois.

Bem, como eu me sinto nessa história?
Mal. Porque, como eu disse, eu devo estar realmente cometendo um erro.
Sim, eu sou muito parecida com os dois. Não, eu não defendo um ou outro. Na verdade, eu bem perco a paciência com os dois: com ela, porque eu não consigo fazer com que ela veja que eu posso compreender a situação e, mesmo assim, não participar das conversas malignas dela e Delezinho. Não gosto, não gosto que fiquem falando mal dele. Ele é estranho e muitas vezes sem noção, mas não deixa de ser um humano.
Por fim, perco a paciencia com ele porque... ah, eu já disse. Porque ele está sempre tentando ter razão, e isso me dá muita raiva. Já se foi o tempo em que eu inventava histórias absurdas para que as pessoas acreditassem e mim, e isso me fez tão mal que não admito que uma pessoa tão próxima como ele possa fazer isso. E pior, ele diz essas coisas de uma maneira que a gente pense que ele GOSTA de fazer isso. Gosta de desafiar a paciência das pessoas. E depois reclama que ninguem tem paciencia com ele.
Mas eu acredito que ele ainda seja aquele cara jovem e bonito por quem ela se apaixonou por ele ser tão engraçado e contar histórias tão boas [apesar de elas já estarem repetidas, sem graça e apelativas hoje em dia], ainda que eu perca MESMO a paciencia com ele. Então não vou falar mal dele. Ela sabe que eu admito os erros dele, mas não vou ser tão cruel. Ela também tem seus milhares de defeitos, tem um que eu particularmente odeio [que nao vem ao caso, eu acho], mas não saio falando mal dela para ele [até porque se eu fizesse isso, daria mais munição para ele implicar com ela e no final se fazer de coitado], de modo que não vou fazer isso com ele. Eu vou ter que suportar eles dois falando mal dele e consequente de mim, por eu nao estar inteiramente do lado deles, mas estou garantindo meu lugar no céu. Eu não quero que Ele me odeie assim como está começando a odiar aqueles dois. Eu não quero ser a razão da ruptura dos dois, mas sim da reunião [se é que é possível].
Claro que eu perco a paciencia com ele. Ela acha isso muito engraçado e irônico, porque eu não concordo em falar mal dele. Mas ela precisa entender que nao é a mesma coisa.
Ainda que eu tenha dito tudo isso, ainda me sinto meio culpada e acho que ela não vai falar direito comigo pelo resto da noite por causa disso. Vou tentar entender mais o que está acontecendo, mas não vou passar para o lado de ninguém, e isso não quer dizer que eu esteja em cima do muro. Eu, ao contrário d'Elezinho, não estou procurando uma guerra. Eu estou procurando uma união, e que essa agonia acabe de uma vez por todas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O que era pra ser único...

Sabe, quando cito os personagens aqui, atualmente penso numa forma única para eles, ou seja, cada personagem corresponde a uma pessoa, de modo que não há dois tipos de Bento Santiago nem dois tipos de Escobar.
Mas ontem, quando estava conversando com um fantasma do meu passado, me lembrei que ainda havia outros Bentos e outros Escobares. Eu havia esquecido que a história de Dona Capitolina havia começado antes. E isso complica as coisas.
O que complicou foi na minha cabeça, pois no momento Bento Santiago é alguém tão sedutor quanto Escobar, que é tão frágil quanto Bento [como eu disse no título do post passado], o que faz com que os MEUS personagens sejam os mesmos, com faces diferentes. Bento Santiago não é uma pessoa, é uma ideia, aquele menino tímido e inseguro, e Escobar é a ideia sedutora e ilusoriamente perfeita. Duas ideias que se fundem numa só pessoa, o que é bastante engraçado [e nada a ver com a historia original de Machado de Assis], mas é a realidade, é para quem endereço as cartas que escrevo aqui ou à mão. A culpa não é minha se ele tem várias faces. Mas para falar a verdade, quem não tem? De Capitu, Bento, Escobar e louco, todo mundo tem um pouco!
Mas ontem foi engraçado. Esse 'fantasma do meu passado' era um Bento Santiago por inteiro, embora eu só tenha lhe endereçado UMA carta, e foi há muito tempo. Ele não tinha o seu lado Escobar, e nem estava interessada em saber se era. Eu não queria que ele fosse o personagem principal da minha história [embora eu ache que o Bento a quem endereço as cartas não seja digno de tanto falatório, mas o que eu posso fazer se penso tanto nele?].
Ontem ele perguntou:

'capitu ainda gosta de bentinho, ou escobar roubou o coração dela?'

Oh meu Deus, como eu havia esquecido dessa história! A Capitu era essa mesma sonsa, mas o Bento era diferente, nossa, completamente diferente. Para falar a verdade até mais puro e romântico. E Escobar... bem, Escobar era Escobar, o cara diferente de Bento por quem Capitu se atrai, e pobre Bento! Não eram a mesma pessoa, não era MESMO.
Pensando nessa ambiguidade e confusão, resolvi escrever sobre OS DOIS Bentos, como resposta, só para me divertir, e é claro, desviar a atenção da indireta chata que este estava dando... pobrezinho!


'Sinceridade? Capitu não sabe quem é Bento Santiago porque capitu não sabe nem quem ela realmente é. Escobar é uma invenção dela que Bentinho compartilha e acolhe, e não tem medo dele como deveria. Pode até ter medo, mas sabe que o seu lugar no coração de Capitu está guardado para sempre [se é que ela o sente bater, e quando sente, não sabe por quê]. Capitu é um grande erro, os Bentinhos são muitos, e Escobar é apenas um só: aquele que ela enxerga, ou melhor, quer enxergar. Portanto, bentinho não deve se preocupar com Escobar. Um dia ele finalmente irá embora, se despede pouco a pouco. Mas Bento Santiago não deveria considerar isso como uma garantia. Bento Santiago não pertence á Capitu. Bento pertence às letras, às leis, à teologia, à magia, ao teatro, às mulheres que são muito mais belas que ela. Ao mundo. É triste demais. Mas é a verdade.'


Nossa, isso é engraçado DEMAIS!
Mas também é preocupante. Os personagens se equivocaram por um momento, mas vocês não devem se preocupar com o Bento Santiago 'antigo', a quem eu dei essa resposta complicada [embora eu nao me referisse só a ele, mas sim ao Bento atual, a quem eu sabia que leria isso]. Ele será muito bem guardado sob outro nome, pois repito: Bento Santiago não é uma pessoa de fato, é uma ideia. Assim como, obviamente, Escobar também o é.
Quanto à Capitu... não descobri ainda. Eu sou tão falsa quanto ela e ela é tão cruel quanto eu!

Para Escobar... que no fundo é tão frágil quanto Bento Santiago.

Não é a primeira vez que te escrevo, e fico cada vez mais aliviada por você não ler nada disto! Você não precisa, nem merece. Você leu a minha primeira carta, e entendeu. Mas naquela havia sentimentos concretos. Ou pelo menos eu PENSAVA que eram, na época. Foi bem especial, pelo menos...

Não posso esconder minha idolatria por você; é tanta que chegam a duvidar, desdenhar dela. Talvez eles tenham razão.
Mas mesmo assim, eu não vou te deixar. Você mudou meu mundo. Você me fez ver tantas coisas, e não foi embora como os outros. Mais: EU não FIZ você ir embora, como os outros. Eu disse pra você ficar. Você ficou. E não consigo acreditar nisso. Talvez aí esteja o problema.
As minhas incertezas são tantas, mas tudo o que eu tenho que fazer é seguir em frente, para ver onde vai dar. Eu já cheguei a tantos extremos por sua causa, e muitos não foram bons. Aos poucos vou construindo meu equilíbrio. Você poderia fazer o mesmo [não vou esquecer daquele soco, que não foi no estômago ou no ombro, foi no coração]. Eu conquistei a sua confiança. Incrível! Lisonjeador, mas... perigoso. O fardo é maior. O amor é maior. E a decepção muitas vezes é maior, como já percebi. Esse é o meu maior medo, o de dar um passo em falso. Mas percebi que não sou eu que dou: sim, eu dou, mas você o torna algo maior e mais cansativo, que se torna contra você. Não faça isso. Você sabe que eu te amo.
Mas esse amor é... estranho. Teve uma vez que eu achava que era obsessão, eu EXIGIA que você estivesse do meu lado [quando já estava!] mas eu queria mais. Queria você por inteiro. Eu não queria que não ficasse nada de fora, nenhuma fresta, para não correr o risco de você escapar por essa fresta, por menor que ela fosse.
Mas hoje [hoje não, algum tempo, mas tomei consciencia da palavra só no dia de hoje], percebi que era outra coisa. Não era amor nem obsessão [talvez seja amor, mas ele não é carnal, mas tambem nao é puro], é algo bem terrível: medo. Medo de te perder. Medo de um dia do futuro eu acordar e ver que o tempo que não passei ao seu lado foi um tempo perdido, um tempo que deixei de aprender, de conversar, de olhar nos seus olhos tão pequenos e tão profundos. E colocar as mãos na cabeça e dizer: o que eu fiz? onde eu estava?
Porque eu já sei como é.
Ele.
Ele era igual a você.
E eu o deixei ir.
Eu estraguei tudo, eu, essa bruxa que você ama tanto quanto odeia. Sim, eu sou uma bruxa e estou te levando para o fundo do meu castelo sombrio [e não o contrário, como eu pensava, meu sedutor!], e nem estou forçando. Sim, eu forcei, e me machuquei. Machuquei você também, e isso me fez mais mal ainda. Não vou fazer mais isso, prometo. Mas não digo isso por você. Digo isso por mim.
Eu estava mal porque eu ficava mal em te fazer mal, embora você pensasse que eu estava me sentindo bem; eu não estava. Minha tentativa de te fazer mal era só para fazer diferença àquelas tolas que te idolatravam. Quem sabe, se eu te mantesse longe, você quisesse chegar mais perto.
Eu consegui, afinal. Sim, eu consegui. Mas eu não ganhei o príncipe sedutor que eu achava que você era. Eu consegui foi um frágil menino que tinha medo de mim, e enfrentava esse medo bravamente por pura curiosidade e admiração. Se machucou tantas vezes, não é, meu menino? Eu também.
Eu me perguntava [e faço isso até hoje, se quer saber] o que você estava fazendo ao meu lado. Seus amigos e estilo de vida são diferentes, além das preferências [coisa que eu acho muito chato, você sabe]. É verdade que nosso amor é igual, mas nossos propósitos e 'modus operandi' são um pouco diferentes. Eu sei disso e você faz questão de reforçar. Mas diga que não é verdade que sou EU quem te completa? Você é a minha cabeça e eu sou o seu braço.
Você é tão diferente de mim mas na verdade é tão igual; esse é o nosso conflito. Você não admite que somos iguais. Mas não vou dizer nada. Você é que vai descobrir sozinho. E quando descobrir, quem sabe não terei você por inteiro?
Mas será que ainda vou querer?
Bem, não vou pensar nisso agora. Preciso pensar em mim, afinal enquanto estava querendo te encontrar [dentro de você], quem eu encontrei? A mim mesma! Não é irônico?
Você não sabe disso, e nem vai saber. Esse vai ser o meu segredo para conviver com você, porque será conviver comigo.
Não sei se me amo, e nem sei se te amo também. Mas quem sabe se sim?



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

The disgustin' newbie.

Uma criatura surgiu para nos salvar. Salvar a quem? A ELE, aquele a quem não pude salvar. Só a ELE. Ele fará tudo por ela, tudo o que acho que não fez por mim. Ele mudará por ela? Eu não consigo mudar por ele. Mas ela não precisa. Eu sou só uma humana; ela é uma criatura luminosa vinda como um presente dos céus que, eu descobri, ELE tinha pedido. Pedido concedido, meu pesadelo estabelecido.

Oh meu Deus, POR QUÊ?

Gênesis Apocalíptico

Não tinha aquele frescor de tudo o que é novo. Eu já suspeitava que isso ia acontecer. Eu vivi o que não me convinha, aí aconteceu isso. Como se nada tivesse mudado e eu ainda estivesse naquela canseira que sentimos quando uma batalha está chegando ao final. Mas sabe o pior? Ela só está começando.
A roupa era nova, bonita, conquistada. Mas o corpo que a usava já era velho demais para abrigar algo novo, como se precisasse de um banho que rompesse a pele velha.
Tudo era novo, menos a essência. Principalmente o amor: ele já está gasto pela convivência, por isso notei que meu coração batia cansado.
É esse o meu começo?
Não pode ser! Eu queria tanto me sentir melhor! Mas não me sinto! A fórmula já é velha para os amigos já velhos. A única pessoa nova é aquela que estou tentando encontrar: a mim mesma. Mas para isso vou precisar ir deixando aos poucos de usar as roupas velhas.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Umas dúvidas.

Hoje combati a preguiça e finalmente fui à Igreja, onde eu nem me lembro da última vez que fui além da tradicional missa de Natal. A propósito, sou católica não-praticante e não sei dizer se tenho fé. Posso dizer que sou uma daqueles desgraçados que vêem Deus nas coisas boas da vida e se voltam contra ele nos momentos ruins, e considero isso um dos meus piores dos piores dos piores defeitos. Se eu quiser encontrar o meu amor e a minha verdade, tenho que combater isso o mais rápido possível.
Ainda há tempo para eu e o resto do mundo mudar e encontrar a sua Verdade, é claro. É isso o que eu tenho ouvido, lido e falado em todo lugar recentemente. Todos nós precisamos mudar, e as pessoas alguma hora vão tomando consciência disso, e vão mudando, vão evoluindo, nem que para isso tenhamos que viver e morrer muitas vezes [sim, sou adepta ao Espiritismo apesar de ser católica]. Até que um dia todos nós encontremos a Verdade e de fato tornaremos o mundo melhor, como Jesus e tantos outros queriam.
Só que eu estava pensando; quando isso irá acontecer? Vai acontecer? E mais do que isso, PODE acontecer? Sempre penso naquela frase que não gosto, mas até que faz sentido: 'se fosse fácil não teria graça'. O mundo não é facil, devido às lutas diárias de cada um. Essas lutas diárias vão acabar quando o mundo for um lugar melhor? Muitos esperam que sim...
Mas e quanto ao desafio? Se eu sou o que eu sou hoje, se aprendi tudo o que sei hoje, é por causa de cada leão que tive que matar, de cada escada que tive que subir, mesmo que tenha machucado meus calcanhares. As pessoas crescem quando erram e sofrem. Não que elas tenham que viver deprimidas, mas os desafios e lutas da vida são necessários, você não concorda? Se eu quiser comer, e não houver comida suficiente, eu não vou ter que tirar a comida de alguém?

Pensando bem, não. Estou lembrando do episódio bíblico 'o milagre dos pães'. É dividindo que iremos nos alimentar.

Sim, mas e as outras disputas? Disputas de emprego, por exemplo. As vagas são limitadas. Não temos que lutar por elas? Não temos que nos superar para merecê-las? E isso não nos constrói, ainda que não consigamos o emprego, para que mais tarde possamos conquistar algo maior com o que aprendemos com a derrota? Afinal 'Deus escreve certo em linhas tortas'...
O futuro 'de luz' que esperamos terá lugar para todos. Mas que lugar? Todos nós não queremos um lugar ao Sol, fama e dinheiro? E para isso não teremos que tirar o lugar dos outros?
Estou pensando e chego à conclusão de que não. A Verdade é que há sim lugar para todos e temos que nos encontrar. Você pode ser simples e pequeno, e ser feliz assim mesmo? Estou começando a acreditar que sim.
Ter uma vida pequena não é de todo ruim. É bom lutar para alcançar o que queremos, mas.. será que isso basta? Basta aspirarmos todo o conhecimento sobre sucesso e dinheiro para enfrentar o mundo lá fora e esquecermos de enfrentar a nós mesmos? Talvez seja por isso que as pessoas mais poderosas são as mais solitárias; elas aprenderam a Verdade que dita o mundo competitivo, mas não aprenderam, ou melhor, não descobriram a própria Verdade. Acho que é isso, afinal.
Eu preciso deixar de ser idiota e de torcer o nariz para aqueles que sabem a sua Verdade e se aceitam como são. Aí vou encontrar a minha Verdade. Seja ela pequena, média ou grande.
O problema é que ainda sou muito errônea, devido à minha mania de grandeza. Se bem que eu não sei nada da vida, portanto ainda posso sonhar com a grandeza e tentar chegar lá, nem que isso sirva para que eu aprenda que o meu lugar é de sonhos menores e mais proveitosos, afinal é tentando que nos encontramos. Mas não é tentar pelos outros, pelo que os outros são; é tentar por nós mesmos.

'well, they say the sky's the limit, and to me that's really true.
But, my friends, you haven't seen nothing! Just wait 'till I get through!'
("Bad")


P.S.: É por isso que eu gosto de escrever: chego com uma pergunta, uma intriga e vou escrevendo, escrevendo, até ver que a resposta mais plausível [e contraria, para minha surpresa] se encontra dentro de mim, pois eu já sei qual é ela, só falta encaixá-la na ideia certa. E quer saber? Isso é MÁGICO.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Set me FREE!

Mas é desse jeito que vou encontrar a minha verdade e tão sonhada liberdade? É desse jeito, empurrando meus problemas e adiando-os? Eu não posso.
Eu tenho que me LIVRAR de tudo o que me cheire à mentira, essa é a verdade.
Porque a verdade é aquilo que vale a pena, e onde há medo e dúvidas não há verdade que vale a pena. Pelo menos não ESSA verdade. A verdade DELE.
Não são poucas as pessoas que dizem que estou me preocupando à toa. E não deixa de ser VERDADE. Mas as palavras dele também não dizem a VERDADE?
Dizem. Mas de um jeito estranho. Mike me diz as mesmas coisas, mas de um jeito especial. É ISSO que faz a diferença. Mike não quer que eu esteja ali me sentindo mal e dizendo que estou bem e vice-versa. Mike não quer que eu finja.
ELE também não quer que eu finja, mas meu medo e raiva são tão grandes que não consigo fazer outra coisa senão FINGIR! E ele sabe disso. A estratégia não está funcionando. Então eu vou ter que mudar. Eu vou ter que buscar a MINHA verdade de outro modo, é claro, agora que eu descobri que há pessoas dizendo o que eu preciso ouvir, mas de outro modo.
MUDAR significa FAZER VALER A PENA. Ele está valendo a pena? O que eu estou ganhando com todo esse fingimento? Madrugadas de briga e embrulhos diários no estômago. Isso é tudo o que eu tenho com ELE. Eu estou me satisfazendo com a satisfação DELE. E isso só é bom para ELE.
Então eu tenho que largar de mão. Minhas decisões aparentemente 'negligentes' não são de todo erradas, afinal. Não é em algo que não vale a pena que eu vou achar a MINHA verdade. Porque a verdade que eu estou tentando encontrar é a DELE, ainda que sem querer. E que tempo eu arranjo para encontrar a MINHA verdade? Pois é.


'If you wanna make the world a better place,
take a look at YOURSELF, then make a CHANGE"
("Man In The Mirror")

'I said no, no, NO!'

Apesar de ter escrito muita coisa bonitinha por aqui, ainda não me conheço totalmente, e isso me surpreende. Porque, apesar de tudo, ainda não sei qual é o meu limite, o que devo ou não fazer.
Até que ponto você tem que ir para poder dizer 'chega! Eu odeio isso!'? Eu não tenho a menor ideia.
Pelo menos a sinceridade alheia foi o bastante, e é nessa sinceridade que eu vou me agarrar, pois ela é a única verdade nisso tudo.
Foi como se eu perguntasse a ele se me amava, e dissesse que não, com a mesma normalidade que se diz sim. E a partir daí que eu vou ter que me construir. A partir do 'não'. Não só o 'não' dele, mas também o meu 'não'. O 'não' proferido por ele é algo fácil de encarar, pois é algo vindo dele, e portanto eu posso escolher se isso vai me atingir ou não.
Já o meu 'não' é mais profundo. O meu 'não' me fecha muitas portas e abre umas janelas [resta então saber se consigo passar por elas]. O meu 'não' é o 'não' ao limite, o 'não' a uma experiência nova, um 'não' à vida. E isso é ruim que eu sei.
Mas acho que não é bem assim. A 'experiência nova' já foi passada, para falar a verdade. O meu 'não' foi a uma segunda chance. Eu acredito que tudo mereça uma segunda chance. Pena que não exerço essa teoria. Para quê? O lugar é o mesmo, as pessoas são as mesmas e a situação é a mesma. Não. A situação é diferente, e acho que até pior. Na primeira vez era uma experimentação, uma iniciação à consideração, se eu de fato merecia as chaves do céu. Ele estava me provando. E agora? Ele está me REprovando.
'Reprovar' na escola significa repetir de ano. Apesar disso significar uma nova chance, uma segunda oportunidade de você PROVAR que merece o nível seguinte, muitos encaram como uma experiência ruim, 'um ano perdido' e tal. Depende do seu otimismo, é claro.
Eu estou encarando a minha situação assim: ele quis me dar uma segunda chance. Eu pareço digna das chaves do Céu, mas ainda terei que passar por um longo e tortuoso treinamento, treinamento esse que não sei se vale a pena. O que eu fiz foi errado, afinal. Mas escuto de todos que quem não está errada sou eu. Que somos crianças. Que nos preocupamos à toa. Estou confusa. Estou tentando consertar as coisas. Então ele me REprovou. E, quando estive prestes a passar pela REprovação, eu me 'rebelei' e disse: NÃO. Eu não vou. Eu não vou passar por isso de novo.
Eu disse que mudaria, mas quem sabe se mudei? Tudo indica que não. AQUELAS pessoas não mudaram, que eu sei. Então a situação é a mesma sim. E não me dei bem. Me dei bem para ELE, pois eu estava vivendo para ELE, mas e quanto a mim? EU estava me sentindo bem? EU sei que não. Só EU sei o quanto aquelas coisas, pessoas e lugares me incomodam. E quem importa afinal? A aliança com ELE quebrada ou o MEU ego quebrado?
Ele não vai estar comigo para sempre. Infelizmente, mas eu sei que não vai. O meu ego será destruído para sempre, MAIS UMA VEZ? Isso seria meio masoquista da minha parte. Benéfico, divertido, só para ele!
É claro que há a velha história das portas fechadas ao dizer 'não'. É o medo do desconhecido atuando mais uma vez, me destruindo, me controlando. Mas me protegendo. Mas friso que a situação não é desconhecida. Então não estou me fechando para o que não conheço. Então ponto final, ora. E DANE-SE.







Se você sabe do que estou falando

...e mesmo assim não está me chamando de MALUCA, se você sabe, se você sente medo ou está em metamorfose como eu, LEIA:

http://tinyurl.com/yjn833o
http://tinyurl.com/yjjumac
http://tinyurl.com/yftqeza

"Stories buried and untold
Someone is hiding the truth (Hold on)
When will this mystery unfold
And will the sun ever shine
In the blind man's eyes when he cries

You can change the world (I can't do it by myself)
You can touch the sky (It's gonna take somebody's help)
You're the chosen one (I'm gonna need some kind of sign)
If we all cry at the same time tonight
[...]
Faces filled with madness
Miracles unheard of (Hold on)
Faith is found in the winds
All we have to do is to reach for the truth, the truth

You can change the world (I can't do it by myself)
You can touch the sky (It's gonna take somebody's help)
You're the chosen one (I'm gonna need some kind of sign)
If we all cry at the same time tonight...."
("Cry")

Medo do desconhecido III

2012. Morte. Não-morte. Apocalipse. Death Hoax. Simbologias. Mensagens Subliminares. Caixões, tumbas, cemitérios. Sobrenatural. Bíblia Sagrada. 25 de junho. Política.
A primeira coisa que vejo quando entro na internet são esses itens, por blogs, pesquisas, reportagens, enfim. É disso tudo o que eu tinha medo e continuo tendo. Eu até odiava [e odeio] certas coisas, como política, palavra que eu odiava antes mesmo de saber o que era [e confesso que não entendo de política até hoje assim mesmo], mas passei a ter nojo daquela velha expressão 'odeio-porque-odeio-e-pronto' e resolvi ver o que estava à minha frente.
Aí fiquei com medo. Medo porque vi que as coisas eram maiores e mais sérias do que eu pensava, que abrigavam coisas maiores ainda, maiores do que a minha capacidade mental. O que não é novidade, pois eu tenho medo do que é grande, tenho medo de não dar conta e essas informações, fatos e coisas acabarem me esmagando, antes mesmo de saber o que são. Tudo o que eu sei é que elas são grandes e perigosas. Perigosas por quê, pode me dizer? Perigosas porque eu não as compreendo. As coisas que não conhecemos sempre nos parecem perigosas, para que nos controlemos diante do que vemos e fazemos.
Mas que mal aqueles conhecimentos poderiam me fazer? Eram charadas, fatos e coisas que aconteceram antes de eu nascer e que sobrevivem até hoje, ora. Conhecimentos não vão me engolir ou esmagar. Elas vão me 'engrandecer', porque acredito que o maior bem que você possui é o seu conhecimento. E por que você vai negar uma coisa que te faz bem? Te digo então que o que me esmaga é o medo.
Fui em frente, então. O que quer que o mundo tivesse a me contar. Se tive medo ao ler aquelas coisas? Tenho até hoje, até agora. Tenho medo porque não conheço os mistérios da vida e da morte. E por isso vou continuar investigando até perder o medo. Talvez eu não chegue a descobrir tudo, mas o caminho que terei percorrido será enorme [e já é, se quer saber!] será o suficiente para me libertar. Me libertar do medo e por fim, da ignorância. Porque é ISSO o que ele quer. Ele quer que o mundo seja LIVRE. E é isso o que estamos buscando, afinal. Aprendi que a liberdade só é boa quando você se habitua à verdade. Porque quando você se vê livre, você sente falta de algo, de algemas por exemplo, que te prendiam, mas te davam segurança, segurança essa à qual você se acostumou e foi afiando com o tempo. Tenho que me libertar dessas algemas o mais cedo possível para que tenha o maior tempo possível de afiar a minha nova segurança, a segurança autêntica e verdadeira, que não é da parte dos outros, mas de mim, que construirei como construí aquela falsa segurança. Aí então serei livre, pois não só terei a minha própria vida, mas terei minha própria SEGURANÇA. É essa segurança que vai me mostrar a verdade. A verdade que o mundo guarda e ao mesmo tempo procura.
Porque agora eu sei...
"It's all for L.O.V.E."



"In what will go down on HIStory as the greatest demonstration for FREEDOM!"

THIS is IT!


O medo do desconhecido II

Escrever dói porque pensar dói. Então escrever dói duas vezes, porque penso no que estou pensando e penso no que estou escrevendo. Não consigo nem respirar direito, de tanto medo que estou sentindo. Medo de dormir. Medo de acordar. medo de ligar a TV e ver a imagem dos haitianos. Medo de ver a rua vazia lá fora. Medo de voltar a ler o que eu estava lendo e que me assustou tanto. Ou, como diz Clarice Lispector em "A Paixão Segundo G.H.":

"...mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser?"

Todos nós temos medo do que não conhecemos. É isso o que pondera [e controla] a nossa vida, é algo que temos desde crianças e temos de aprender a superar. Eu não aprendi. E não estou falando de pesadelos e bichos-papões. Estou falando do meu cotidiano.
Porque eu não vivo o que não conheço. Isso é bom de certa forma, mas reconheço que isso deixa a minha vida limitada. Quantas oportunidades e diversões eu já perdi por causa do meu medo, às vezes um medo banal, de dizer ou fazer algo pequeno, mas que faria toda a diferença?
E é isso o que eu estou querendo tirar. É isso o que os outros querem que eu tire para que eu não me incomode e por fim incomode os outros. Porque o medo é algo contagioso, e se não for medo puro, logo se transformará numa mistura de raiva e incompreensão alheia. O medo puro traz pena e repreensão. Mas medo puro quase não há, exceto bem lá no fundo do coração, que só a gente ou nossas mães reconhecem.
O meu medo que os outros conhecem não é puro, por exemplo. O medo de perder alguém está misturado com o ciúme; o medo do jeito de alguma pessoa [se ela é diferente, fala diferente ou se veste diferente] se mistura ao preconceito e repugnância.
O medo puro é aquele medo de criança, medo de coisas fantasiosas e não-realistas, que são superados com o tempo ou só crescem, dependendo de como voce convive com esse medo. Esse tipo de medo eu já falei no post anterior.
Uma coisa que eu pensei agora: o medo não-puro pode resultar à ignorância. Talvez por isso eu e tantas outras pessoas temos sido tão ignorantes uns com os outros, não por ignorância pura [porque ela é um resultado e não um sentimento 'livre'], mas por medo [im]puro, como se alguém fosse uma doença contagiosa. Mas não! A ignorância resultante é que tem sido contagiosa. Um dos maiores males cotidianos [como se precisássemos descobrir mais um! Mas também, se não descobríssemos, seria também um tipo de ignorância, pois é algo que não 'queremos' enxergar, e está aí acontecendo, comigo e com você].
Mike quis me alertar sobre isso, não diretamente é claro, mas através de muitas coisas, fatos e pessoas, tudo num grande quebra-cabeça. Tenho que agradecer a ele por ter abrido os olhos de muitas pessoas, que finalmente ajudaram a abrir os meus. Ele quer me tirar da ignorância. Ele quer que eu não tenha mais medo.
Talvez por isso eu esteja com meu coração tão apertado de medo, pois é como estou me sentindo agora. Sinto que estou nos meus momentos finais de medo [não que não vá demorar a me livrar disso, mas é como o começo de uma quimioterapia, que é longa e dolorosa, mas de certo modo benéfica].Tenho lido muitas coisas, passagens bíblicas, hoaxes, mortes mal-resolvidas, símbolos e coisas sinistras para entender o que está acontecendo com o mundo e o que ainda vai acontecer, para que eu esteja preparada para o que vier. Me chame de louca, mas não diga que o que estou fazendo é inútil. Eu estou trabalhando, estou ME trabalhando.
Tudo o que tenho lido até agora desde o dia 25 de junho [sim!] é um aprofundamento de todas aquelas coisas das quais tinha medo nos meus 9 anos de idade. Estive lendo com medo, e me perguntei se valia a pena enfrentar. É claro que vale. São coisas que estão acontecendo à minha volta e não posso ignorar.

O medo do desconhecido.

Ainda me lembro de tapar os ouvidos assim que ouvia uma reportagem qualquer sobre ETs no Fantástico, de chorar e implorar aos céus para parar de chover, de esconder o rosto no travesseiro assim que via o Diabo do filme 'O Auto da Compadecida' e de passar bem longe da Bíblia Sagrada e mais ainda do livro do Apocalipse. Ainda me lembro do meu enorme medo de morrer, de como esse medo descontrolado me incomodava e me impedia de fazer as coisas mais banais, como simplesmente ir à praia, só porque havia uma nuvem negra no céu. Eu odiava chuvas, eu odiava morros, odiava escadas, ônibus que andavam rápido, aviões e figuras sobrenaturais. Eu odiava a morte.
Me surpreendo até hoje como é que uma criança bem-criada como eu [sem pais que me espancaram ou morreram cedo ou viver em favelas e lugares de risco, por exemplo] pôde pensar tanto em morte, sem motivo pra isso. Eu era uma criança muito medrosa, e não conseguia nem me mexer quando via muros com citações do Apocalipse pelas ruas dizendo 'o fim está próximo!'. Eu não entendo o motivo para tanto medo.
Isso aconteceu entre os 8 e 9 anos, quando eu descobria o que era bom e ruim, o que era perigoso ou não, entendi que pessoas morriam o tempo todo. Com o tempo isso foi passando, mas é claro que deixou muitas marcas. Traumas não, pois aprendi a superar; ontem mesmo eu estava pesquisando umas coisas na Bíblia [coisa que eu nem me atrevia a fazer com medo dela emitir algum tipo de magia ou sei lá, coisa de criança], mas deixou marcas e uns pensamentos negativos em minha cabeça.
Uma das marcas foi, o que descobri de uns meses pra cá, é o medo do desconhecido. Tenho trabalhado esse meu lado medroso dia após dia, mas essa metamorfose dói tanto que, vendo certas coisas à minha volta, deixam até minha respiração desconfortável. Mas eu não posso desistir. Eu sinto que tenho que estar preparada para tempos piores, para não sofrer mais.
Mas voltando ao medo do desconhecido: eu ainda tenho medo de escuro. Eu sei que devia ter aprendido a superar isso, mas não consigo, por pura falta de confiança. Eu não acredito, eu não CONFIO que, quando eu fechar os olhos, não terá algum vulto de capuz em volta da minha cama, ou dez, cem desses vultos, prontos para me pegar e me matar [?]. Fecho os olhos por um minuto e logo os abro, 'esperando' ver algum impostor pronto para me levar sei-lá-para-onde. Faço isso uma cem vezes, para depois, sabe-se lá como, finalmente dormir.
Eu tenho a teoria de que, quando você acredita em algo, esse algo realmente existe [e vice-versa], pois TUDO nessa vida é psicológico. Então, penso que se eu acreditar firmemente na existência do bicho-papão, eu vou começar a vê-lo em todo lugar no meio do escuro, e então pronto, ele está lá, ele existe. O problema é que eu sou uma pessoa fraca demais, com a confiança fraca demais, para acreditar mais numa teoria que, apesar de certa, foi aceita muito recentemente na minha mente, enquanto o medo está instalado em mim há mais de seis anos.
Mas um dia eu vou superar o medo do escuro. Eu sei que vou. Eu sei que TENHO que superar essa 'bobagem'. Até porque, a gente tem é que ter medo dos vivos, que estão por aí nos assombrando de verdade. Não que eu não tenha acessos de loucura às vezes, e penso que há um ladrão com uma faca na não ao lado da minha cama. Ou dois, três deles. Aí é que eu não durmo mesmo, só quando amanhece, pois 'quando há luz... não há trevas'.
E sobre morrer? Não sei. Morrer é um 'medo do desconhecido' também, mas é um mistério tão grande que não consigo nem pensar direito sobre morte. É como se por enquanto ela não existisse, mas sei que ela está aí, quieta, o mais próxima ou longe possível. E também porque eu penso que morrer é como uma etapa da vida que a gente vai ter que enfrentar, e se temos que enfrentar, não vai ser em vão. Ruim é viver em vão. Se eu morrer, eu morri. Não sentirei mais dor. Então não deve ser tão ruim assim. Pior é viver eternamente com dor. Além disso há aquela famosa possibilidade de reencarnação. Mas isso resolveremos depois, lá com o nosso Pai. Não cabe a mim pensar nisso agora.
Se bem que tenho pensado muito sobre morte. Não a minha, mas a de todos. Do que eu vou fazer se cada um daqueles que eu amo morrer. E os que já morreram. E os que ainda vão morrer, os que estão em risco, aqueles desgraçados haitianos que não tiveram oportunidade de ter uma vida fácil, brigam pela vida, mas aposto que aceitam a morte como uma cura, uma forma de fazer desaparecer a dor que sentem desde que nasceram. Isso me deixa tão mal. Os que vivem mal e morrem mal.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Esperando a Reforma

Tô esperando o pedreiro, o marceneiro, o eletricista e o decorador voltarem de férias pra resolver essa branquidão sem-graça. Se Deus quiser teremos uma linda interface chegando por aí. Oremos...

Para Bento Santiago... que no fundo é um belo de um Escobar.

Sim, eu o temo. Tenho um profundo medo de você. Mas o meu medo é de te perder, e por causa dos meus espinhos, que já te machucaram tanto.
Você disse que eu tinha uma escolha. Eu escolho VOCÊ. Mas não sei se essas suas opções durarão muito tempo. Não sei se você será o mesmo. Tenho medo de que não seja mais, mas tenho mais medo ainda de que ainda seja.
Estou com medo, tanto medo, tanto medo. Medo de tudo. Medo de te perder, medo da sua presença, medo de suas palavras, medo dos seus olhos, medo do que você tem a dizer, medo do seu silêncio, medo.
Mas talvez não seja medo de você. Seja medo de mim. Medo de te machucar de novo. Medo de manter minha boca aberta por mais de um minuto, minuto crucial entre dizer uma palavra que o fira e não dizer. Medo do que vou dizer quando te encontrar. Medo do que vou dizer depois de te encontrar. Medo de te encontrar.
Mas não pense que estou melhor longe de você. As dúvidas, os medos e as especulações correm a madrugada afora. O que você está fazendo. O que você está pensando. O que você está TRAMANDO. Não sei se a espera é pior ou melhor, ora ela é tranquilizadora, ora ela é aterrorizante.
Tenho vontade de te ligar só para ouvir a sua voz ou te escrever só para ver a cor e a forma da sua fonte e seus trejeitos. O modo de escrever e pensar. Eu sorrio quando me lembro de você sorrindo. Bem, eu sorrio quando me lembro de você até brigando comigo. Brigava porque queria que eu fosse melhor para você e melhor para mim. Mas eu não consegui. Eu não consegui mudar nem por você, nem por mim.
Você disse que, quando eu voltasse, eu estivesse mudada. Eu não sei se mudei. Não sei mesmo. Tenho vontade de lhe falar só para te mostrar que sim, afinal o 'mudar' seria a superação daquela velha história de tomar a iniciativa. De ter algo a dizer. Mas 'mudar' também é um monte de coisas. Será o modo de falar, de agir, de criticar. E não sei se mudei. Tenho medo de descobrir que não. E minha ânsia de descobrir que sim infelizmente é menor que a coragem de dizer qualquer coisa. Não sobre começar. Sobre como prosseguir.
Tenho medo de não te ver mais, também. Ver aquele seu olhar distante que me dá muito medo. Tenho medo também de ver seu olhar sobre mim. Eu não quero que você me olhe. Às vezes queria que você esquecesse quem eu sou. Eu não pareço ser para você, mas forçamos e dizemos que sim. Pra quê forçar mais? Tenho medo de não conseguir ser para você. Tenho medo de ter medo e fazer alguma coisa errada, qualquer coisa. Tenho medo de não fazer nada, ficar estática, sair correndo ou simplesmente cair no choro. E você não vai me abraçar. Eu sei que não vai.
Então eu devia te abraçar, sem me importar se você me abraçar de volta. Tenho saudade daquele abraço que você me deu [um de poucos, mas que para mim é único]. Ele era seguro, eu sentia cheiro de confiança, que eu nem sei se existe mais.
Ou então não fazer nada. Fazer tudo. Fazer nada. Eu não sei como você estará quando estivermos lá. Mas eu sei como eu estarei. Com o coração na boca, cujo maior desejo dele seria te abraçar, pedir perdão e dizer que haveria de suportar tudo, tudo, para tê-lo, ainda que só tentasse. E que você visse. Que você acreditasse que tudo isso seria verdade, para que então EU acreditasse nessa verdade, porque o que digo aqui é tudo aquilo que eu tive um ano para fazer e não fiz. E não sei se você é homem de segundas chances. Eu acredito que não, mas rezo que sim. Para que, quando você acreditar em mim, eu acredite que você confia em mim, e que essa confiança me fortaleça e ajude a te fortalecer também. Porque é isso o que eu quero, 'só' isso o que eu quero.

'And it's gonna be our last memory,
And it's led me on, and on, to you. You.'

...

Porque agora sim, me sinto em um verdadeiro pesadelo. Porque agora sim, estou realmente sozinha. Porque agora sim, eu não tenho escapatória, eu não tenho rumo, eu não tenho nada. Porque eu não tenho ninguém.
Eu tinha um porto seguro. Se foi uma boa ideia? Acho que não. Você não deve se agarrar a um só pedaço de corda, ele é muitas vezes insuficiente. A verdade é que eu não devia ter me agarrado a corda nenhuma. Eu devia ter continuado a abraçar a solidão e andar de mãos dadas com ela, ela era a minha amiga, a amiga verdadeira que nunca me abandonaria.
Mas eu a desobedeci. Eu a desmereci. Eu me mal-acostumei. Fui má com ela, eu a abandonei, e agora ela está de volta, sendo má comigo. Não, eu não a quero de volta. Eu não preciso dela. Eu preciso dos outros. Eu preciso de vozes. Eu preciso de carne e osso. Eu preciso de abraços, beijos, bilhetes escritos à mão.
Mas tudo o que eu tenho agora é um grande vazio. Como se todos os sorrisos fossem vazios, e o sentimento de que eu não mereço nenhum beijo que seja. Porque a solidão agora me beija, me abraça, me acolhe. Mas eu não quero. Não quero.