domingo, 31 de janeiro de 2010

Umas dúvidas.

Hoje combati a preguiça e finalmente fui à Igreja, onde eu nem me lembro da última vez que fui além da tradicional missa de Natal. A propósito, sou católica não-praticante e não sei dizer se tenho fé. Posso dizer que sou uma daqueles desgraçados que vêem Deus nas coisas boas da vida e se voltam contra ele nos momentos ruins, e considero isso um dos meus piores dos piores dos piores defeitos. Se eu quiser encontrar o meu amor e a minha verdade, tenho que combater isso o mais rápido possível.
Ainda há tempo para eu e o resto do mundo mudar e encontrar a sua Verdade, é claro. É isso o que eu tenho ouvido, lido e falado em todo lugar recentemente. Todos nós precisamos mudar, e as pessoas alguma hora vão tomando consciência disso, e vão mudando, vão evoluindo, nem que para isso tenhamos que viver e morrer muitas vezes [sim, sou adepta ao Espiritismo apesar de ser católica]. Até que um dia todos nós encontremos a Verdade e de fato tornaremos o mundo melhor, como Jesus e tantos outros queriam.
Só que eu estava pensando; quando isso irá acontecer? Vai acontecer? E mais do que isso, PODE acontecer? Sempre penso naquela frase que não gosto, mas até que faz sentido: 'se fosse fácil não teria graça'. O mundo não é facil, devido às lutas diárias de cada um. Essas lutas diárias vão acabar quando o mundo for um lugar melhor? Muitos esperam que sim...
Mas e quanto ao desafio? Se eu sou o que eu sou hoje, se aprendi tudo o que sei hoje, é por causa de cada leão que tive que matar, de cada escada que tive que subir, mesmo que tenha machucado meus calcanhares. As pessoas crescem quando erram e sofrem. Não que elas tenham que viver deprimidas, mas os desafios e lutas da vida são necessários, você não concorda? Se eu quiser comer, e não houver comida suficiente, eu não vou ter que tirar a comida de alguém?

Pensando bem, não. Estou lembrando do episódio bíblico 'o milagre dos pães'. É dividindo que iremos nos alimentar.

Sim, mas e as outras disputas? Disputas de emprego, por exemplo. As vagas são limitadas. Não temos que lutar por elas? Não temos que nos superar para merecê-las? E isso não nos constrói, ainda que não consigamos o emprego, para que mais tarde possamos conquistar algo maior com o que aprendemos com a derrota? Afinal 'Deus escreve certo em linhas tortas'...
O futuro 'de luz' que esperamos terá lugar para todos. Mas que lugar? Todos nós não queremos um lugar ao Sol, fama e dinheiro? E para isso não teremos que tirar o lugar dos outros?
Estou pensando e chego à conclusão de que não. A Verdade é que há sim lugar para todos e temos que nos encontrar. Você pode ser simples e pequeno, e ser feliz assim mesmo? Estou começando a acreditar que sim.
Ter uma vida pequena não é de todo ruim. É bom lutar para alcançar o que queremos, mas.. será que isso basta? Basta aspirarmos todo o conhecimento sobre sucesso e dinheiro para enfrentar o mundo lá fora e esquecermos de enfrentar a nós mesmos? Talvez seja por isso que as pessoas mais poderosas são as mais solitárias; elas aprenderam a Verdade que dita o mundo competitivo, mas não aprenderam, ou melhor, não descobriram a própria Verdade. Acho que é isso, afinal.
Eu preciso deixar de ser idiota e de torcer o nariz para aqueles que sabem a sua Verdade e se aceitam como são. Aí vou encontrar a minha Verdade. Seja ela pequena, média ou grande.
O problema é que ainda sou muito errônea, devido à minha mania de grandeza. Se bem que eu não sei nada da vida, portanto ainda posso sonhar com a grandeza e tentar chegar lá, nem que isso sirva para que eu aprenda que o meu lugar é de sonhos menores e mais proveitosos, afinal é tentando que nos encontramos. Mas não é tentar pelos outros, pelo que os outros são; é tentar por nós mesmos.

'well, they say the sky's the limit, and to me that's really true.
But, my friends, you haven't seen nothing! Just wait 'till I get through!'
("Bad")


P.S.: É por isso que eu gosto de escrever: chego com uma pergunta, uma intriga e vou escrevendo, escrevendo, até ver que a resposta mais plausível [e contraria, para minha surpresa] se encontra dentro de mim, pois eu já sei qual é ela, só falta encaixá-la na ideia certa. E quer saber? Isso é MÁGICO.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Set me FREE!

Mas é desse jeito que vou encontrar a minha verdade e tão sonhada liberdade? É desse jeito, empurrando meus problemas e adiando-os? Eu não posso.
Eu tenho que me LIVRAR de tudo o que me cheire à mentira, essa é a verdade.
Porque a verdade é aquilo que vale a pena, e onde há medo e dúvidas não há verdade que vale a pena. Pelo menos não ESSA verdade. A verdade DELE.
Não são poucas as pessoas que dizem que estou me preocupando à toa. E não deixa de ser VERDADE. Mas as palavras dele também não dizem a VERDADE?
Dizem. Mas de um jeito estranho. Mike me diz as mesmas coisas, mas de um jeito especial. É ISSO que faz a diferença. Mike não quer que eu esteja ali me sentindo mal e dizendo que estou bem e vice-versa. Mike não quer que eu finja.
ELE também não quer que eu finja, mas meu medo e raiva são tão grandes que não consigo fazer outra coisa senão FINGIR! E ele sabe disso. A estratégia não está funcionando. Então eu vou ter que mudar. Eu vou ter que buscar a MINHA verdade de outro modo, é claro, agora que eu descobri que há pessoas dizendo o que eu preciso ouvir, mas de outro modo.
MUDAR significa FAZER VALER A PENA. Ele está valendo a pena? O que eu estou ganhando com todo esse fingimento? Madrugadas de briga e embrulhos diários no estômago. Isso é tudo o que eu tenho com ELE. Eu estou me satisfazendo com a satisfação DELE. E isso só é bom para ELE.
Então eu tenho que largar de mão. Minhas decisões aparentemente 'negligentes' não são de todo erradas, afinal. Não é em algo que não vale a pena que eu vou achar a MINHA verdade. Porque a verdade que eu estou tentando encontrar é a DELE, ainda que sem querer. E que tempo eu arranjo para encontrar a MINHA verdade? Pois é.


'If you wanna make the world a better place,
take a look at YOURSELF, then make a CHANGE"
("Man In The Mirror")

'I said no, no, NO!'

Apesar de ter escrito muita coisa bonitinha por aqui, ainda não me conheço totalmente, e isso me surpreende. Porque, apesar de tudo, ainda não sei qual é o meu limite, o que devo ou não fazer.
Até que ponto você tem que ir para poder dizer 'chega! Eu odeio isso!'? Eu não tenho a menor ideia.
Pelo menos a sinceridade alheia foi o bastante, e é nessa sinceridade que eu vou me agarrar, pois ela é a única verdade nisso tudo.
Foi como se eu perguntasse a ele se me amava, e dissesse que não, com a mesma normalidade que se diz sim. E a partir daí que eu vou ter que me construir. A partir do 'não'. Não só o 'não' dele, mas também o meu 'não'. O 'não' proferido por ele é algo fácil de encarar, pois é algo vindo dele, e portanto eu posso escolher se isso vai me atingir ou não.
Já o meu 'não' é mais profundo. O meu 'não' me fecha muitas portas e abre umas janelas [resta então saber se consigo passar por elas]. O meu 'não' é o 'não' ao limite, o 'não' a uma experiência nova, um 'não' à vida. E isso é ruim que eu sei.
Mas acho que não é bem assim. A 'experiência nova' já foi passada, para falar a verdade. O meu 'não' foi a uma segunda chance. Eu acredito que tudo mereça uma segunda chance. Pena que não exerço essa teoria. Para quê? O lugar é o mesmo, as pessoas são as mesmas e a situação é a mesma. Não. A situação é diferente, e acho que até pior. Na primeira vez era uma experimentação, uma iniciação à consideração, se eu de fato merecia as chaves do céu. Ele estava me provando. E agora? Ele está me REprovando.
'Reprovar' na escola significa repetir de ano. Apesar disso significar uma nova chance, uma segunda oportunidade de você PROVAR que merece o nível seguinte, muitos encaram como uma experiência ruim, 'um ano perdido' e tal. Depende do seu otimismo, é claro.
Eu estou encarando a minha situação assim: ele quis me dar uma segunda chance. Eu pareço digna das chaves do Céu, mas ainda terei que passar por um longo e tortuoso treinamento, treinamento esse que não sei se vale a pena. O que eu fiz foi errado, afinal. Mas escuto de todos que quem não está errada sou eu. Que somos crianças. Que nos preocupamos à toa. Estou confusa. Estou tentando consertar as coisas. Então ele me REprovou. E, quando estive prestes a passar pela REprovação, eu me 'rebelei' e disse: NÃO. Eu não vou. Eu não vou passar por isso de novo.
Eu disse que mudaria, mas quem sabe se mudei? Tudo indica que não. AQUELAS pessoas não mudaram, que eu sei. Então a situação é a mesma sim. E não me dei bem. Me dei bem para ELE, pois eu estava vivendo para ELE, mas e quanto a mim? EU estava me sentindo bem? EU sei que não. Só EU sei o quanto aquelas coisas, pessoas e lugares me incomodam. E quem importa afinal? A aliança com ELE quebrada ou o MEU ego quebrado?
Ele não vai estar comigo para sempre. Infelizmente, mas eu sei que não vai. O meu ego será destruído para sempre, MAIS UMA VEZ? Isso seria meio masoquista da minha parte. Benéfico, divertido, só para ele!
É claro que há a velha história das portas fechadas ao dizer 'não'. É o medo do desconhecido atuando mais uma vez, me destruindo, me controlando. Mas me protegendo. Mas friso que a situação não é desconhecida. Então não estou me fechando para o que não conheço. Então ponto final, ora. E DANE-SE.







Se você sabe do que estou falando

...e mesmo assim não está me chamando de MALUCA, se você sabe, se você sente medo ou está em metamorfose como eu, LEIA:

http://tinyurl.com/yjn833o
http://tinyurl.com/yjjumac
http://tinyurl.com/yftqeza

"Stories buried and untold
Someone is hiding the truth (Hold on)
When will this mystery unfold
And will the sun ever shine
In the blind man's eyes when he cries

You can change the world (I can't do it by myself)
You can touch the sky (It's gonna take somebody's help)
You're the chosen one (I'm gonna need some kind of sign)
If we all cry at the same time tonight
[...]
Faces filled with madness
Miracles unheard of (Hold on)
Faith is found in the winds
All we have to do is to reach for the truth, the truth

You can change the world (I can't do it by myself)
You can touch the sky (It's gonna take somebody's help)
You're the chosen one (I'm gonna need some kind of sign)
If we all cry at the same time tonight...."
("Cry")

Medo do desconhecido III

2012. Morte. Não-morte. Apocalipse. Death Hoax. Simbologias. Mensagens Subliminares. Caixões, tumbas, cemitérios. Sobrenatural. Bíblia Sagrada. 25 de junho. Política.
A primeira coisa que vejo quando entro na internet são esses itens, por blogs, pesquisas, reportagens, enfim. É disso tudo o que eu tinha medo e continuo tendo. Eu até odiava [e odeio] certas coisas, como política, palavra que eu odiava antes mesmo de saber o que era [e confesso que não entendo de política até hoje assim mesmo], mas passei a ter nojo daquela velha expressão 'odeio-porque-odeio-e-pronto' e resolvi ver o que estava à minha frente.
Aí fiquei com medo. Medo porque vi que as coisas eram maiores e mais sérias do que eu pensava, que abrigavam coisas maiores ainda, maiores do que a minha capacidade mental. O que não é novidade, pois eu tenho medo do que é grande, tenho medo de não dar conta e essas informações, fatos e coisas acabarem me esmagando, antes mesmo de saber o que são. Tudo o que eu sei é que elas são grandes e perigosas. Perigosas por quê, pode me dizer? Perigosas porque eu não as compreendo. As coisas que não conhecemos sempre nos parecem perigosas, para que nos controlemos diante do que vemos e fazemos.
Mas que mal aqueles conhecimentos poderiam me fazer? Eram charadas, fatos e coisas que aconteceram antes de eu nascer e que sobrevivem até hoje, ora. Conhecimentos não vão me engolir ou esmagar. Elas vão me 'engrandecer', porque acredito que o maior bem que você possui é o seu conhecimento. E por que você vai negar uma coisa que te faz bem? Te digo então que o que me esmaga é o medo.
Fui em frente, então. O que quer que o mundo tivesse a me contar. Se tive medo ao ler aquelas coisas? Tenho até hoje, até agora. Tenho medo porque não conheço os mistérios da vida e da morte. E por isso vou continuar investigando até perder o medo. Talvez eu não chegue a descobrir tudo, mas o caminho que terei percorrido será enorme [e já é, se quer saber!] será o suficiente para me libertar. Me libertar do medo e por fim, da ignorância. Porque é ISSO o que ele quer. Ele quer que o mundo seja LIVRE. E é isso o que estamos buscando, afinal. Aprendi que a liberdade só é boa quando você se habitua à verdade. Porque quando você se vê livre, você sente falta de algo, de algemas por exemplo, que te prendiam, mas te davam segurança, segurança essa à qual você se acostumou e foi afiando com o tempo. Tenho que me libertar dessas algemas o mais cedo possível para que tenha o maior tempo possível de afiar a minha nova segurança, a segurança autêntica e verdadeira, que não é da parte dos outros, mas de mim, que construirei como construí aquela falsa segurança. Aí então serei livre, pois não só terei a minha própria vida, mas terei minha própria SEGURANÇA. É essa segurança que vai me mostrar a verdade. A verdade que o mundo guarda e ao mesmo tempo procura.
Porque agora eu sei...
"It's all for L.O.V.E."



"In what will go down on HIStory as the greatest demonstration for FREEDOM!"

THIS is IT!


O medo do desconhecido II

Escrever dói porque pensar dói. Então escrever dói duas vezes, porque penso no que estou pensando e penso no que estou escrevendo. Não consigo nem respirar direito, de tanto medo que estou sentindo. Medo de dormir. Medo de acordar. medo de ligar a TV e ver a imagem dos haitianos. Medo de ver a rua vazia lá fora. Medo de voltar a ler o que eu estava lendo e que me assustou tanto. Ou, como diz Clarice Lispector em "A Paixão Segundo G.H.":

"...mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser?"

Todos nós temos medo do que não conhecemos. É isso o que pondera [e controla] a nossa vida, é algo que temos desde crianças e temos de aprender a superar. Eu não aprendi. E não estou falando de pesadelos e bichos-papões. Estou falando do meu cotidiano.
Porque eu não vivo o que não conheço. Isso é bom de certa forma, mas reconheço que isso deixa a minha vida limitada. Quantas oportunidades e diversões eu já perdi por causa do meu medo, às vezes um medo banal, de dizer ou fazer algo pequeno, mas que faria toda a diferença?
E é isso o que eu estou querendo tirar. É isso o que os outros querem que eu tire para que eu não me incomode e por fim incomode os outros. Porque o medo é algo contagioso, e se não for medo puro, logo se transformará numa mistura de raiva e incompreensão alheia. O medo puro traz pena e repreensão. Mas medo puro quase não há, exceto bem lá no fundo do coração, que só a gente ou nossas mães reconhecem.
O meu medo que os outros conhecem não é puro, por exemplo. O medo de perder alguém está misturado com o ciúme; o medo do jeito de alguma pessoa [se ela é diferente, fala diferente ou se veste diferente] se mistura ao preconceito e repugnância.
O medo puro é aquele medo de criança, medo de coisas fantasiosas e não-realistas, que são superados com o tempo ou só crescem, dependendo de como voce convive com esse medo. Esse tipo de medo eu já falei no post anterior.
Uma coisa que eu pensei agora: o medo não-puro pode resultar à ignorância. Talvez por isso eu e tantas outras pessoas temos sido tão ignorantes uns com os outros, não por ignorância pura [porque ela é um resultado e não um sentimento 'livre'], mas por medo [im]puro, como se alguém fosse uma doença contagiosa. Mas não! A ignorância resultante é que tem sido contagiosa. Um dos maiores males cotidianos [como se precisássemos descobrir mais um! Mas também, se não descobríssemos, seria também um tipo de ignorância, pois é algo que não 'queremos' enxergar, e está aí acontecendo, comigo e com você].
Mike quis me alertar sobre isso, não diretamente é claro, mas através de muitas coisas, fatos e pessoas, tudo num grande quebra-cabeça. Tenho que agradecer a ele por ter abrido os olhos de muitas pessoas, que finalmente ajudaram a abrir os meus. Ele quer me tirar da ignorância. Ele quer que eu não tenha mais medo.
Talvez por isso eu esteja com meu coração tão apertado de medo, pois é como estou me sentindo agora. Sinto que estou nos meus momentos finais de medo [não que não vá demorar a me livrar disso, mas é como o começo de uma quimioterapia, que é longa e dolorosa, mas de certo modo benéfica].Tenho lido muitas coisas, passagens bíblicas, hoaxes, mortes mal-resolvidas, símbolos e coisas sinistras para entender o que está acontecendo com o mundo e o que ainda vai acontecer, para que eu esteja preparada para o que vier. Me chame de louca, mas não diga que o que estou fazendo é inútil. Eu estou trabalhando, estou ME trabalhando.
Tudo o que tenho lido até agora desde o dia 25 de junho [sim!] é um aprofundamento de todas aquelas coisas das quais tinha medo nos meus 9 anos de idade. Estive lendo com medo, e me perguntei se valia a pena enfrentar. É claro que vale. São coisas que estão acontecendo à minha volta e não posso ignorar.

O medo do desconhecido.

Ainda me lembro de tapar os ouvidos assim que ouvia uma reportagem qualquer sobre ETs no Fantástico, de chorar e implorar aos céus para parar de chover, de esconder o rosto no travesseiro assim que via o Diabo do filme 'O Auto da Compadecida' e de passar bem longe da Bíblia Sagrada e mais ainda do livro do Apocalipse. Ainda me lembro do meu enorme medo de morrer, de como esse medo descontrolado me incomodava e me impedia de fazer as coisas mais banais, como simplesmente ir à praia, só porque havia uma nuvem negra no céu. Eu odiava chuvas, eu odiava morros, odiava escadas, ônibus que andavam rápido, aviões e figuras sobrenaturais. Eu odiava a morte.
Me surpreendo até hoje como é que uma criança bem-criada como eu [sem pais que me espancaram ou morreram cedo ou viver em favelas e lugares de risco, por exemplo] pôde pensar tanto em morte, sem motivo pra isso. Eu era uma criança muito medrosa, e não conseguia nem me mexer quando via muros com citações do Apocalipse pelas ruas dizendo 'o fim está próximo!'. Eu não entendo o motivo para tanto medo.
Isso aconteceu entre os 8 e 9 anos, quando eu descobria o que era bom e ruim, o que era perigoso ou não, entendi que pessoas morriam o tempo todo. Com o tempo isso foi passando, mas é claro que deixou muitas marcas. Traumas não, pois aprendi a superar; ontem mesmo eu estava pesquisando umas coisas na Bíblia [coisa que eu nem me atrevia a fazer com medo dela emitir algum tipo de magia ou sei lá, coisa de criança], mas deixou marcas e uns pensamentos negativos em minha cabeça.
Uma das marcas foi, o que descobri de uns meses pra cá, é o medo do desconhecido. Tenho trabalhado esse meu lado medroso dia após dia, mas essa metamorfose dói tanto que, vendo certas coisas à minha volta, deixam até minha respiração desconfortável. Mas eu não posso desistir. Eu sinto que tenho que estar preparada para tempos piores, para não sofrer mais.
Mas voltando ao medo do desconhecido: eu ainda tenho medo de escuro. Eu sei que devia ter aprendido a superar isso, mas não consigo, por pura falta de confiança. Eu não acredito, eu não CONFIO que, quando eu fechar os olhos, não terá algum vulto de capuz em volta da minha cama, ou dez, cem desses vultos, prontos para me pegar e me matar [?]. Fecho os olhos por um minuto e logo os abro, 'esperando' ver algum impostor pronto para me levar sei-lá-para-onde. Faço isso uma cem vezes, para depois, sabe-se lá como, finalmente dormir.
Eu tenho a teoria de que, quando você acredita em algo, esse algo realmente existe [e vice-versa], pois TUDO nessa vida é psicológico. Então, penso que se eu acreditar firmemente na existência do bicho-papão, eu vou começar a vê-lo em todo lugar no meio do escuro, e então pronto, ele está lá, ele existe. O problema é que eu sou uma pessoa fraca demais, com a confiança fraca demais, para acreditar mais numa teoria que, apesar de certa, foi aceita muito recentemente na minha mente, enquanto o medo está instalado em mim há mais de seis anos.
Mas um dia eu vou superar o medo do escuro. Eu sei que vou. Eu sei que TENHO que superar essa 'bobagem'. Até porque, a gente tem é que ter medo dos vivos, que estão por aí nos assombrando de verdade. Não que eu não tenha acessos de loucura às vezes, e penso que há um ladrão com uma faca na não ao lado da minha cama. Ou dois, três deles. Aí é que eu não durmo mesmo, só quando amanhece, pois 'quando há luz... não há trevas'.
E sobre morrer? Não sei. Morrer é um 'medo do desconhecido' também, mas é um mistério tão grande que não consigo nem pensar direito sobre morte. É como se por enquanto ela não existisse, mas sei que ela está aí, quieta, o mais próxima ou longe possível. E também porque eu penso que morrer é como uma etapa da vida que a gente vai ter que enfrentar, e se temos que enfrentar, não vai ser em vão. Ruim é viver em vão. Se eu morrer, eu morri. Não sentirei mais dor. Então não deve ser tão ruim assim. Pior é viver eternamente com dor. Além disso há aquela famosa possibilidade de reencarnação. Mas isso resolveremos depois, lá com o nosso Pai. Não cabe a mim pensar nisso agora.
Se bem que tenho pensado muito sobre morte. Não a minha, mas a de todos. Do que eu vou fazer se cada um daqueles que eu amo morrer. E os que já morreram. E os que ainda vão morrer, os que estão em risco, aqueles desgraçados haitianos que não tiveram oportunidade de ter uma vida fácil, brigam pela vida, mas aposto que aceitam a morte como uma cura, uma forma de fazer desaparecer a dor que sentem desde que nasceram. Isso me deixa tão mal. Os que vivem mal e morrem mal.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Esperando a Reforma

Tô esperando o pedreiro, o marceneiro, o eletricista e o decorador voltarem de férias pra resolver essa branquidão sem-graça. Se Deus quiser teremos uma linda interface chegando por aí. Oremos...

Para Bento Santiago... que no fundo é um belo de um Escobar.

Sim, eu o temo. Tenho um profundo medo de você. Mas o meu medo é de te perder, e por causa dos meus espinhos, que já te machucaram tanto.
Você disse que eu tinha uma escolha. Eu escolho VOCÊ. Mas não sei se essas suas opções durarão muito tempo. Não sei se você será o mesmo. Tenho medo de que não seja mais, mas tenho mais medo ainda de que ainda seja.
Estou com medo, tanto medo, tanto medo. Medo de tudo. Medo de te perder, medo da sua presença, medo de suas palavras, medo dos seus olhos, medo do que você tem a dizer, medo do seu silêncio, medo.
Mas talvez não seja medo de você. Seja medo de mim. Medo de te machucar de novo. Medo de manter minha boca aberta por mais de um minuto, minuto crucial entre dizer uma palavra que o fira e não dizer. Medo do que vou dizer quando te encontrar. Medo do que vou dizer depois de te encontrar. Medo de te encontrar.
Mas não pense que estou melhor longe de você. As dúvidas, os medos e as especulações correm a madrugada afora. O que você está fazendo. O que você está pensando. O que você está TRAMANDO. Não sei se a espera é pior ou melhor, ora ela é tranquilizadora, ora ela é aterrorizante.
Tenho vontade de te ligar só para ouvir a sua voz ou te escrever só para ver a cor e a forma da sua fonte e seus trejeitos. O modo de escrever e pensar. Eu sorrio quando me lembro de você sorrindo. Bem, eu sorrio quando me lembro de você até brigando comigo. Brigava porque queria que eu fosse melhor para você e melhor para mim. Mas eu não consegui. Eu não consegui mudar nem por você, nem por mim.
Você disse que, quando eu voltasse, eu estivesse mudada. Eu não sei se mudei. Não sei mesmo. Tenho vontade de lhe falar só para te mostrar que sim, afinal o 'mudar' seria a superação daquela velha história de tomar a iniciativa. De ter algo a dizer. Mas 'mudar' também é um monte de coisas. Será o modo de falar, de agir, de criticar. E não sei se mudei. Tenho medo de descobrir que não. E minha ânsia de descobrir que sim infelizmente é menor que a coragem de dizer qualquer coisa. Não sobre começar. Sobre como prosseguir.
Tenho medo de não te ver mais, também. Ver aquele seu olhar distante que me dá muito medo. Tenho medo também de ver seu olhar sobre mim. Eu não quero que você me olhe. Às vezes queria que você esquecesse quem eu sou. Eu não pareço ser para você, mas forçamos e dizemos que sim. Pra quê forçar mais? Tenho medo de não conseguir ser para você. Tenho medo de ter medo e fazer alguma coisa errada, qualquer coisa. Tenho medo de não fazer nada, ficar estática, sair correndo ou simplesmente cair no choro. E você não vai me abraçar. Eu sei que não vai.
Então eu devia te abraçar, sem me importar se você me abraçar de volta. Tenho saudade daquele abraço que você me deu [um de poucos, mas que para mim é único]. Ele era seguro, eu sentia cheiro de confiança, que eu nem sei se existe mais.
Ou então não fazer nada. Fazer tudo. Fazer nada. Eu não sei como você estará quando estivermos lá. Mas eu sei como eu estarei. Com o coração na boca, cujo maior desejo dele seria te abraçar, pedir perdão e dizer que haveria de suportar tudo, tudo, para tê-lo, ainda que só tentasse. E que você visse. Que você acreditasse que tudo isso seria verdade, para que então EU acreditasse nessa verdade, porque o que digo aqui é tudo aquilo que eu tive um ano para fazer e não fiz. E não sei se você é homem de segundas chances. Eu acredito que não, mas rezo que sim. Para que, quando você acreditar em mim, eu acredite que você confia em mim, e que essa confiança me fortaleça e ajude a te fortalecer também. Porque é isso o que eu quero, 'só' isso o que eu quero.

'And it's gonna be our last memory,
And it's led me on, and on, to you. You.'

...

Porque agora sim, me sinto em um verdadeiro pesadelo. Porque agora sim, estou realmente sozinha. Porque agora sim, eu não tenho escapatória, eu não tenho rumo, eu não tenho nada. Porque eu não tenho ninguém.
Eu tinha um porto seguro. Se foi uma boa ideia? Acho que não. Você não deve se agarrar a um só pedaço de corda, ele é muitas vezes insuficiente. A verdade é que eu não devia ter me agarrado a corda nenhuma. Eu devia ter continuado a abraçar a solidão e andar de mãos dadas com ela, ela era a minha amiga, a amiga verdadeira que nunca me abandonaria.
Mas eu a desobedeci. Eu a desmereci. Eu me mal-acostumei. Fui má com ela, eu a abandonei, e agora ela está de volta, sendo má comigo. Não, eu não a quero de volta. Eu não preciso dela. Eu preciso dos outros. Eu preciso de vozes. Eu preciso de carne e osso. Eu preciso de abraços, beijos, bilhetes escritos à mão.
Mas tudo o que eu tenho agora é um grande vazio. Como se todos os sorrisos fossem vazios, e o sentimento de que eu não mereço nenhum beijo que seja. Porque a solidão agora me beija, me abraça, me acolhe. Mas eu não quero. Não quero.