quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Para ele... que me pediu isto, mas nunca o verá.

Você pediu para que eu escrevesse sobre mim. Apesar de eu não ser uma pessoa excepcionalmente notável, minha história até que dá um bocado de linhas. Você estará dormindo antes de ler a metade dela, com certeza...
Não sei você, mas acho que eu tenho tempo. São quase onze horas, e meu sono não é o bastante para que eu sinta saisfação ao cair na cama e dormir logo, e eu preciso realmente sentir isso, caso contrário eu ficarei rolando por lá até as quatro da manhã. E isso não é bom. Ficarei mais exausta do que já estou.
Mas você deve estar perguntando por que eu estou tão exausta, se acabei de começar. Não, eu não estou começando. Estou me preparando para terminar. Não é bem 'terminar', mas sim prosseguir. Apesar de ter aprendido muita coisa, sinto que não sou nada comparado àquelas pessoas que admiro tanto, que realmente fizeram alguma coisa por seu destino.
Estou exausta também porque o mundo é muito exausto. Cada dia exige-se mais dele, e parece que quanto mais as pessoas se esforçam, menos preparadas elas ficam. E isso é IRRITANTE. É uma fase da minha vida que todos passam [e passam mal, literalmente, muitas vezes], alguns fazem escolhas certas, outros não. Eu acredito que as minhas escolhas estejam certíssimas, mas o preparo para elas ainda é fraco. Há tanto o que fazer, tanto...
E terei que abrir mão de muitas coisas. De muitas pessoas que amo e de você, que eu poderia amar muito. Eu te acho alguém realmente especial e admirável desde a primeira vez que o vi. Isso é bom. Faz tempo que não conheço alguém assim. Geralmente eu descubro que as pessoas que já conheço são assim, mas de cara, como você, é quase impossível. A última vez se resultou num desastre, e não me permita lembrar como, por favor. Tudo o que eu preciso é de você. Você tem sido uma divertida e inteligente distração. Eu te vejo como uma pessoa bonita, sabia? Eu gostaria de lhe dizer isso, mas acho que já sei o sorrisinho irônico que você vai dar. Mas quer saber? Eu adro ele.
Mas chega de falar de você. É para falar de mim... é aqui que a minha 'composition' começa, como você pediu.
Para começar, você me fez ver que eu mudei muito. Eu percebi isso quando você disse que eu não era muito parecida com meu irmão, o que é um MILAGRE. É claro, porque você não viu aquela menina quieta e sonolenta, que não acrescenta nada na sua vida, mas viu uma menina disposta a fazer alguma diferença no mundo. Para aprender a fazer essa diferença foi preciso um esforço enorme e muitos, muitos erros. Erro até hoje, se quer saber. Mas é com esses erros que eu aprendo.
Tudo o que você vê não é o que eu sou, mas o que eu quero ser. Você deve estar se perguntando se, eu estou sendo aquilo que eu quero ser, o meu objetivo está feito. Não está não; há muito o que melhorar. Isso é só o começo.
Eu sou uma garota cheinha, com um cabelo parecido com o daquelas menininhas fofas de capa de caderno Jolie. Esse cabelo não sou eu. Mas é o que eu sempre quis. Ele não pertence de fato a mim, porque eu o aboli por muitos anos com o vício do secador, com o desejo de ter uma autenticidade [para que pessoas como você consigam me ver] que procurei por muitos anos e só fui achar agora.
Eu disse que eu era cheinha; mas olha só, isso depende do seu ângulo. Como você só me vê sentada, estudando, deve imaginar que eu seja alguma nerd tentando chegar a algum peso satisfatório, mas não conseguindo. Eu sou uma pessoa que engana em muitos aspectos, principalmente na estética. Eu tenho que te dizer uma triste verdade: eu sou uma bailarina. SOU. Gorda ou magra, isso está dentro de mim, desde os meus cinco anos. Eu sinto isso, e essa é a minha integridade, então, mesmo sendo meio difícil, tente olhar o ângulo onde você veja uma bailarina, uma pessoa que se sente uma bailarina. Porque não chego e faço a aula e pronto. Eu gosto de entender a filosofia de cada passo, cada nervo e vértebra se alongando em cada lugar, a rotina das aulas é especial, a força que aplicamos para que pareçamos leves é extremamente especial [e difícil]. Eu sinto isso, e eu tenho que dizer que é mágico.
Sim, meu corpo é algo mágico [cheinha como sou e tendo uma elasticidade como eu tenho, nem é mágica, mas sim um milagre!], e isso aumenta num palco. Eu sou doente por palco. Quero estar lá de qualquer jeito, dançando ou tocando. Sim, eu toco um instrumento, o violino, e apesar de ter começado recentemente, eu descobri um amor tão grande pela música quanto pela dança. Eu sinto, sabe? Eu sinto meu coração bater mais forte.
A minha ligação com a arte é muito grande, desde pequena. Eu costumava desenhar e pintar muito, e isso foi o ponto de partida para o meu feeling artístico, embora só tenha durado a época da minha infância. Entendo muito de cores e formas, mas eu não consigo desenhar um rosto bem feito ou um pé, uma mão, uma árvore. Talvez tenha sido a falta de prática, porque na verdade eu perdi a vontade porque não conseguia reproduzir as minhas ideias no papel, e isso quando eu tinha ideias.
Porque não costumo ter ideias. Eu costumo realizá-las. Não gosto de pensar em mim como uma professora, uma coreógrafa, escritora ou compositora, simplesmente pelo fato de ter que criar muitas coisas, métodos e outras. Eu posso aperfeiçoar uma ideia e executá-la, mas só se você me disser algo primeiro. Eu sou muito boa com atividades manuais, entre elas, escrever, às vezes. Mas eu não escreveria um livro, pois um livro é algo importante demais para ser escrito banalmente.
Muitas pessoas me superestimam, mas acho isso uma droga. Eu gosto de me sentir especial, gosto mesmo, mas ficar falando que eu sou uma pessoa notável é um exagero. Porque eu sinto que a minha imaginação é algo diverso, mas não permanente. Eu não consigo ter ideias de uma hora para outra, principalmente sob pressão. Pressão é uma coisa que eu odeio.
Ah, você disse que eu parecia uma pessoa legal. Eu sou legal, sim. Mas só até você se acostumar comigo. Na verdade é o que acontece com todas as pessoas, mas as pessoas se decepcionam muito comigo, e quando isso não acontece, eu é que me decepciono com elas. Isso não é nem um pouquinho legal, né? é estranho dizer, mas eu me canso das pessoas. Eu gosto daquelas que me intrigam, que me fazem pensar o tempo todo, para que no final eu aprenda algo. Sofro muito com esse tipo de pessoas, dizem que eu devia me afastar delas, que elas me fazem mal, e de fato fazem às vezes, mas estou aprendendo a ser menos vulnerável. Estou aprendendo a ouvir a verdade e não me esconder dela, para ter menos dor. É disso o que o mundo precisa.
E você é bem intrigante, sabia, moço? Por mim eu me casaria com você, mas acho que a minha mãe não ia gostar muito disso. Ela acha você estranho. Mas não me importo, eu sei que você é legal.
Uma vez me disseram que eu era uma grande mentira. É a única verdade, eu acho. Eu sou aquela mentira que você adora contar para todo mundo, mas ela te machuca porque você sabe que não é verdade, mas a mantém para sobreviver. Mas eu estou procurando pela minha verdade, e os seus olhos me dizem que estou começando a achá-la.
E parece que agora eu estou com sono. Acho que vou dormir. Espero que você esteja bem. Eu imagino você dormindo, deve ser muito bonito. As minhas amigas não o achariam, talvez por causa dos seus dentes, mas eu não ligo para isso. Há alguém que eu amo que tem dentes brancos, bonitos e pontudos, que me mordem tanto por dentro quanto por fora, e isso me machuca todo dia. E espero que você não seja capaz disso. Porque você é uma fuga agora. Uma fuga básica, mas necessária.
Te adoro.


'God Is In The Rain!'

Só achei engraçado.
Aqui foram dois meses SEM chuva. DOIS. Ou, o verão inteiro.Enquanto no resto do Brasil tinha gente andando de caiaque na rua, aqui nesse finzinho de mundo de planície estava curtindo o melhor verão [assim pensam os praieiros de plantão, que não ficam na minha cidade, mas viajam para o município vizinho onde tem praia].
Hoje o mundo parecia que ia acabar. As nuvens eram mais pretas do que a situação em que as plantas daqui estavam, secas daquele jeito. E o vento e as pessoas olhando pro céu parecia uma cena que vi na TV que acontecia antes de um tornado chegar. Era um pouco apavorante, mas todos já esperavam. Meu professor de biologia disse que só ia chover amanhã, e vendo o dia de hoje, eu já imaginava que ia cair uma espécie de dilúvio.
E agora estou em casa... e está mesmo chovendo. Cadê o dilúvio? Não tem. Só há alguma chuva e algum vento. Daqui a pouco ela vai parar.
Eu estava olhando a chuva e lembrei do filme 'V de Vingança', quando Evey diz que Deus está na chuva. Sim, a frase possui todo um sentido figurado, mas enquanto olhava eu resolvi pensar no sentido literal, para ver se dava certo.
Sim, Deus estava na chuva. Trouxe a chuva aqui não para acabar de vez com tudo [porque se houvesse um 'diluvio', imagine quanto preju ia dar??], e Ele foi muito bom conosco [o que não significa que não haja a possibilidade de haver um certo toró amanhã].
Mas não sei. Ele foi muito bom com os habitantes dessa cidade, mas não teve pena dos outros lugares, que estão embaixo d'água agora. Deus escolhe o que acontece?
Acho que não.
Deus está na chuva que acontece por algum motivo. Se você muda o curso dela, você muda o seu curso. Se você cria problemas para ela, ela cria problemas para você. A natureza não está revidando. Ela está se protegendo.
Mas estamos todos mudando. Houveram dois meses sem chuva. Haverão dois meses com chuva também, ou já compensamos o trabalho, pelo verão passado só ter tido chuva?
Let it rain.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"tomorrow, is a different day." (8)

Sim, é amanhã.
Começará o novo ano, de verdade.
O último ano.
O começo do fim.
Ou o fim do começo.
É isso aí.
Vou juntar todas as minhas forças, preciso pensar em mim, pensar no que eu sou e no que eu quero ser, e seguir em frente.
Porque não há nada feito e há muito o que fazer.
Vamos lá.
Boa sorte.
O futuro é agora.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Só sonhos malucos. Nada mais. [?]

Hoje eu sonhei que eu estava numa creche. Essa creche existe e é tipo uma ONG que cuida de crianças carentes para que elas possam estudar, brincar, fazer balé, judô e outras coisas nessa creche.
Eu não me lembro do sonho, só que estava extremamente calor e eu ouvia as pessoas comentando e o noticiário na pequena tv na minha frente sobre o aquecimento global que estava afetando o mundo todo; na tv acho que estava mostrando um iceberg derretendo ao vivo no mar, e o céu era completamente laranja.
Minha mãe, que faz uns serviços para essa ONG, estava com uma criança no colo, acho que era uma menina, e disse qualquer coisa para mim sobre 'pegar' uma criança, ou 'seu filho', sei lá o que ela disse. Então um menino chegou, eu estendi os braços para ele e ele sentou no meu colo.
Era lindo o menino, do jeitinho que eu gostaria que meu filho fosse, branquinho, com cabelos pretos lisos... acho que ele tinha uns 2 ou 3 anos. Se parece muito com um menino que vi numa sorveteria na quinta-feira e com o priminho do meu ex namorado. Enfim, aí a gente começou a conversar, ou melhor, fui puxar papo, pois o menino era tão bonito! Eu não me lembro sobre o que conversamos. Era alguma coisa que era preta, acho que um instrumento ou máquina. Aí, pelo que eu me lembro, o menino se virou para mim, me encarou com os olhinhos meios incrédulos e perguntou algo que começava com 'então você acha que os pretos são?...' e não me lembro do resto. O que eu sei é que era como se ele estivesse me perguntando se eu achava que o preto era 'indigno'.
Aí o sonho mudou. Acho que eu estava na escola de música, e acho que o garoto que um dia me beijou no rosto e disse que eu era muito bonita estava falando comigo, e eu tentava me desvencilhar dele [como eu fiz nos últimos dias de aula hahaha]. Acho que ele estava me chamando para sair, mas eu disse que tinha outra coisa para fazer. Tenho que dizer que esse garoto é feio pra caramba, com olhos meio esbugalhados e dentes proeminentes, apesar de um certo talento para tocar violoncelo.
Aí a cena mudou e eu estava em um restaurante chique, os homens de smoking e acho que tinha um prato de lagosta na minha frente e eu estava com um pedaço dela na mão [nunca comi lagosta]. Eu estava muito bem até que esse mesmo garoto feio que havia me chamado pra sair apareceu todo sorridente [oh Deus!], vestindo um smoking! Tudo o que eu lembro é que ele disse algo como 'eu sabia que você viria aqui, foi tudo planejado para que você estivesse neste lugar comigo'. Acho que era isso.

Sonho engraçado.
O menino que sentou no meu colo é da única etnia que eu gostaria de parir, e no entanto ele me perguntou se eu achava que os negros eram indignos. O menininho era extremamente inteligente, ele falava de um jeito quase adulto. Extremamente bonito.
E aquele garoto horroroso armando pra me encontrar num restaurante chique. Era só o que me faltava, até porque digamos que ele não é uma pessoa exatamente rica...

"O mundo é daqueles que ficam em cima do muro."

Sim, foi isso o que ela disse, antes de fechar a porta do quarto sutil, mas teatralmente. Se ela conseguiu causa impacto em mim com essas palavras? Sim. Odeio admitir, mas sim.
Eu devo mesmo estar cometendo um erro. Mas eles também estão. ELE também está. Todos estamos.

Posso dizer que, para começar, a culpa É SIM dele. Admitamos. Foi ele que não quis mudar sua estratégia e suas maneiras. Pelo contrário: quanto mais erra, mais apela, como se não soubesse fazer outra coisa. Não é de hoje que sabemos que ele não é versátil. Ele está sempre errando e não sabe o porque, ou melhor, nao quer saber o porquê. Ele, como qualquer homem, quer estar sempre certo e faz tudo por isso. Até enganar os outros.
É claro que ele não faz isso o tempo todo. Mas na metade das vezes. Muitas vezes não sei distinguir se o que ele está falando tem razão concreta ou não. Julguemos ele pelo que faz. Mas julgaremos também quando não faz?

Agora vou falar dela. É a menos culpada e a mais sofrida. Eu a entendo muito bem, embora ela pense que não. Isso é natural, afinal ela pensa que eu sou muito parecida com ele, e assim, não sou capaz de compreender sua graaaaande história vital. Sim, ela tem razão, sou muito parecida com ele, e em vez dela fazer cara feia para esse fato, ela devia é dar mais valor ao que eu falo, pois apesar de parecer 'cegamente a favor dele', na verdade são explicações para o que ela considera inexplicável [o que muitas vezes são coisas fáceis de entender, mas a raiva acumulada durante 20 anos cega os seus lindos olhos e sua mente], fazendo com que ele não seja uma pessoa inteiramente culpada e ela não esteja inteiramente certa de suas ideias. Aliás, quem é que está completamente certo ou errado nesse mundo, nao é?
E eu ser parecida com ele não significa que eu seja ELE. Então mais respeito por favor. Eu sei que ela não liga, mas sabe o que é engraçado? É que ele fala a mesmíssima coisa que ela:
'você tá muito parecida com ela!', e fecha a cara. Igualzinho a ela. Tsc, tsc.

Então eu não estou em cima do muro, EU SOU o muro. E não tenho culpa disso. Eu posso até escolher a quem defender, mas acho isso antiético, pois acabei de dizer que ninguém nesse mundo está completamente certo ou errado.

'Antiético' é a palavra certa para Elezinho. Tão pouca idade [mental] e já fazendo escolhas tão grandes e rápidas. Não vou dizer que eu nao era assim na idade dele, mas eu não havia quem me disesse que questões familiares são delicadas demais para tomar decisões concretas. Além disso, eu não sou exatamente como ele. Ele sempre consegue o que quer por insistência. Eu muitas vezes cedo as minhas ideias pela insistencia dos outros [insistencia é uma coisa que me incomoda MUITO]. Um dia desses ele me chamou de altruísta, e disse que isso era patético da minha parte.
Admito que às vezes é mesmo, por eu não manter as minhas ideias por causa dos outros. Mas ele é egocêntrico ao extremo, também. Ou melhor, nao é egocêntrico, mas birrento, insistente. se bem que isso não vem ao caso.
O que vem é que Elezinho sempre teve medo dele. Nada surpreso, pois eu também tive. O negócio é que ele continua tendo medo dele, e não sei por quê. Aliás, agora Ele está pegando muito mais no pé de Elezinho. Mas sabe o quê? Ele faz por onde.
O que é bastante engraçado, pois Elezinho não faz NADA. Admito que Ele me dá uma folga maior, talvez por eu exercer as minhas habilidades, hum, 'artísticas/atléticas' [o que faz Ele muito orgulhoso], e não ter tempo para o resto, enquanto as habilidades de Elezinho são ficar comendo, dormindo e sentado na frente de um computador [o que não orgulha a Ele, pois ele odeia crianças sedentarias e gordas]. Mas acho que o que faz Elezinho culpado é o extremismo excessivo: de tanto medo Dele, acabou por se apoiar demais a Ela, se escondendo debaixo das suas saias o tempo todo, o que não deixa Ele muito feliz.
Daí, pela influência excessiva dela, ele adotou toda a postura que na verdade pertence às mulheres sofredoras, e logo não combinam com ele. Ele tomou as dores e adjetivos dela com relação a Ele, e os dois passam hooooooras rindo e falando mal dele pelas costas. Consequentemente, ele me contraria em tudo, por eu não apoiar totalmente as ideias dos dois.

Bem, como eu me sinto nessa história?
Mal. Porque, como eu disse, eu devo estar realmente cometendo um erro.
Sim, eu sou muito parecida com os dois. Não, eu não defendo um ou outro. Na verdade, eu bem perco a paciência com os dois: com ela, porque eu não consigo fazer com que ela veja que eu posso compreender a situação e, mesmo assim, não participar das conversas malignas dela e Delezinho. Não gosto, não gosto que fiquem falando mal dele. Ele é estranho e muitas vezes sem noção, mas não deixa de ser um humano.
Por fim, perco a paciencia com ele porque... ah, eu já disse. Porque ele está sempre tentando ter razão, e isso me dá muita raiva. Já se foi o tempo em que eu inventava histórias absurdas para que as pessoas acreditassem e mim, e isso me fez tão mal que não admito que uma pessoa tão próxima como ele possa fazer isso. E pior, ele diz essas coisas de uma maneira que a gente pense que ele GOSTA de fazer isso. Gosta de desafiar a paciência das pessoas. E depois reclama que ninguem tem paciencia com ele.
Mas eu acredito que ele ainda seja aquele cara jovem e bonito por quem ela se apaixonou por ele ser tão engraçado e contar histórias tão boas [apesar de elas já estarem repetidas, sem graça e apelativas hoje em dia], ainda que eu perca MESMO a paciencia com ele. Então não vou falar mal dele. Ela sabe que eu admito os erros dele, mas não vou ser tão cruel. Ela também tem seus milhares de defeitos, tem um que eu particularmente odeio [que nao vem ao caso, eu acho], mas não saio falando mal dela para ele [até porque se eu fizesse isso, daria mais munição para ele implicar com ela e no final se fazer de coitado], de modo que não vou fazer isso com ele. Eu vou ter que suportar eles dois falando mal dele e consequente de mim, por eu nao estar inteiramente do lado deles, mas estou garantindo meu lugar no céu. Eu não quero que Ele me odeie assim como está começando a odiar aqueles dois. Eu não quero ser a razão da ruptura dos dois, mas sim da reunião [se é que é possível].
Claro que eu perco a paciencia com ele. Ela acha isso muito engraçado e irônico, porque eu não concordo em falar mal dele. Mas ela precisa entender que nao é a mesma coisa.
Ainda que eu tenha dito tudo isso, ainda me sinto meio culpada e acho que ela não vai falar direito comigo pelo resto da noite por causa disso. Vou tentar entender mais o que está acontecendo, mas não vou passar para o lado de ninguém, e isso não quer dizer que eu esteja em cima do muro. Eu, ao contrário d'Elezinho, não estou procurando uma guerra. Eu estou procurando uma união, e que essa agonia acabe de uma vez por todas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O que era pra ser único...

Sabe, quando cito os personagens aqui, atualmente penso numa forma única para eles, ou seja, cada personagem corresponde a uma pessoa, de modo que não há dois tipos de Bento Santiago nem dois tipos de Escobar.
Mas ontem, quando estava conversando com um fantasma do meu passado, me lembrei que ainda havia outros Bentos e outros Escobares. Eu havia esquecido que a história de Dona Capitolina havia começado antes. E isso complica as coisas.
O que complicou foi na minha cabeça, pois no momento Bento Santiago é alguém tão sedutor quanto Escobar, que é tão frágil quanto Bento [como eu disse no título do post passado], o que faz com que os MEUS personagens sejam os mesmos, com faces diferentes. Bento Santiago não é uma pessoa, é uma ideia, aquele menino tímido e inseguro, e Escobar é a ideia sedutora e ilusoriamente perfeita. Duas ideias que se fundem numa só pessoa, o que é bastante engraçado [e nada a ver com a historia original de Machado de Assis], mas é a realidade, é para quem endereço as cartas que escrevo aqui ou à mão. A culpa não é minha se ele tem várias faces. Mas para falar a verdade, quem não tem? De Capitu, Bento, Escobar e louco, todo mundo tem um pouco!
Mas ontem foi engraçado. Esse 'fantasma do meu passado' era um Bento Santiago por inteiro, embora eu só tenha lhe endereçado UMA carta, e foi há muito tempo. Ele não tinha o seu lado Escobar, e nem estava interessada em saber se era. Eu não queria que ele fosse o personagem principal da minha história [embora eu ache que o Bento a quem endereço as cartas não seja digno de tanto falatório, mas o que eu posso fazer se penso tanto nele?].
Ontem ele perguntou:

'capitu ainda gosta de bentinho, ou escobar roubou o coração dela?'

Oh meu Deus, como eu havia esquecido dessa história! A Capitu era essa mesma sonsa, mas o Bento era diferente, nossa, completamente diferente. Para falar a verdade até mais puro e romântico. E Escobar... bem, Escobar era Escobar, o cara diferente de Bento por quem Capitu se atrai, e pobre Bento! Não eram a mesma pessoa, não era MESMO.
Pensando nessa ambiguidade e confusão, resolvi escrever sobre OS DOIS Bentos, como resposta, só para me divertir, e é claro, desviar a atenção da indireta chata que este estava dando... pobrezinho!


'Sinceridade? Capitu não sabe quem é Bento Santiago porque capitu não sabe nem quem ela realmente é. Escobar é uma invenção dela que Bentinho compartilha e acolhe, e não tem medo dele como deveria. Pode até ter medo, mas sabe que o seu lugar no coração de Capitu está guardado para sempre [se é que ela o sente bater, e quando sente, não sabe por quê]. Capitu é um grande erro, os Bentinhos são muitos, e Escobar é apenas um só: aquele que ela enxerga, ou melhor, quer enxergar. Portanto, bentinho não deve se preocupar com Escobar. Um dia ele finalmente irá embora, se despede pouco a pouco. Mas Bento Santiago não deveria considerar isso como uma garantia. Bento Santiago não pertence á Capitu. Bento pertence às letras, às leis, à teologia, à magia, ao teatro, às mulheres que são muito mais belas que ela. Ao mundo. É triste demais. Mas é a verdade.'


Nossa, isso é engraçado DEMAIS!
Mas também é preocupante. Os personagens se equivocaram por um momento, mas vocês não devem se preocupar com o Bento Santiago 'antigo', a quem eu dei essa resposta complicada [embora eu nao me referisse só a ele, mas sim ao Bento atual, a quem eu sabia que leria isso]. Ele será muito bem guardado sob outro nome, pois repito: Bento Santiago não é uma pessoa de fato, é uma ideia. Assim como, obviamente, Escobar também o é.
Quanto à Capitu... não descobri ainda. Eu sou tão falsa quanto ela e ela é tão cruel quanto eu!

Para Escobar... que no fundo é tão frágil quanto Bento Santiago.

Não é a primeira vez que te escrevo, e fico cada vez mais aliviada por você não ler nada disto! Você não precisa, nem merece. Você leu a minha primeira carta, e entendeu. Mas naquela havia sentimentos concretos. Ou pelo menos eu PENSAVA que eram, na época. Foi bem especial, pelo menos...

Não posso esconder minha idolatria por você; é tanta que chegam a duvidar, desdenhar dela. Talvez eles tenham razão.
Mas mesmo assim, eu não vou te deixar. Você mudou meu mundo. Você me fez ver tantas coisas, e não foi embora como os outros. Mais: EU não FIZ você ir embora, como os outros. Eu disse pra você ficar. Você ficou. E não consigo acreditar nisso. Talvez aí esteja o problema.
As minhas incertezas são tantas, mas tudo o que eu tenho que fazer é seguir em frente, para ver onde vai dar. Eu já cheguei a tantos extremos por sua causa, e muitos não foram bons. Aos poucos vou construindo meu equilíbrio. Você poderia fazer o mesmo [não vou esquecer daquele soco, que não foi no estômago ou no ombro, foi no coração]. Eu conquistei a sua confiança. Incrível! Lisonjeador, mas... perigoso. O fardo é maior. O amor é maior. E a decepção muitas vezes é maior, como já percebi. Esse é o meu maior medo, o de dar um passo em falso. Mas percebi que não sou eu que dou: sim, eu dou, mas você o torna algo maior e mais cansativo, que se torna contra você. Não faça isso. Você sabe que eu te amo.
Mas esse amor é... estranho. Teve uma vez que eu achava que era obsessão, eu EXIGIA que você estivesse do meu lado [quando já estava!] mas eu queria mais. Queria você por inteiro. Eu não queria que não ficasse nada de fora, nenhuma fresta, para não correr o risco de você escapar por essa fresta, por menor que ela fosse.
Mas hoje [hoje não, algum tempo, mas tomei consciencia da palavra só no dia de hoje], percebi que era outra coisa. Não era amor nem obsessão [talvez seja amor, mas ele não é carnal, mas tambem nao é puro], é algo bem terrível: medo. Medo de te perder. Medo de um dia do futuro eu acordar e ver que o tempo que não passei ao seu lado foi um tempo perdido, um tempo que deixei de aprender, de conversar, de olhar nos seus olhos tão pequenos e tão profundos. E colocar as mãos na cabeça e dizer: o que eu fiz? onde eu estava?
Porque eu já sei como é.
Ele.
Ele era igual a você.
E eu o deixei ir.
Eu estraguei tudo, eu, essa bruxa que você ama tanto quanto odeia. Sim, eu sou uma bruxa e estou te levando para o fundo do meu castelo sombrio [e não o contrário, como eu pensava, meu sedutor!], e nem estou forçando. Sim, eu forcei, e me machuquei. Machuquei você também, e isso me fez mais mal ainda. Não vou fazer mais isso, prometo. Mas não digo isso por você. Digo isso por mim.
Eu estava mal porque eu ficava mal em te fazer mal, embora você pensasse que eu estava me sentindo bem; eu não estava. Minha tentativa de te fazer mal era só para fazer diferença àquelas tolas que te idolatravam. Quem sabe, se eu te mantesse longe, você quisesse chegar mais perto.
Eu consegui, afinal. Sim, eu consegui. Mas eu não ganhei o príncipe sedutor que eu achava que você era. Eu consegui foi um frágil menino que tinha medo de mim, e enfrentava esse medo bravamente por pura curiosidade e admiração. Se machucou tantas vezes, não é, meu menino? Eu também.
Eu me perguntava [e faço isso até hoje, se quer saber] o que você estava fazendo ao meu lado. Seus amigos e estilo de vida são diferentes, além das preferências [coisa que eu acho muito chato, você sabe]. É verdade que nosso amor é igual, mas nossos propósitos e 'modus operandi' são um pouco diferentes. Eu sei disso e você faz questão de reforçar. Mas diga que não é verdade que sou EU quem te completa? Você é a minha cabeça e eu sou o seu braço.
Você é tão diferente de mim mas na verdade é tão igual; esse é o nosso conflito. Você não admite que somos iguais. Mas não vou dizer nada. Você é que vai descobrir sozinho. E quando descobrir, quem sabe não terei você por inteiro?
Mas será que ainda vou querer?
Bem, não vou pensar nisso agora. Preciso pensar em mim, afinal enquanto estava querendo te encontrar [dentro de você], quem eu encontrei? A mim mesma! Não é irônico?
Você não sabe disso, e nem vai saber. Esse vai ser o meu segredo para conviver com você, porque será conviver comigo.
Não sei se me amo, e nem sei se te amo também. Mas quem sabe se sim?



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

The disgustin' newbie.

Uma criatura surgiu para nos salvar. Salvar a quem? A ELE, aquele a quem não pude salvar. Só a ELE. Ele fará tudo por ela, tudo o que acho que não fez por mim. Ele mudará por ela? Eu não consigo mudar por ele. Mas ela não precisa. Eu sou só uma humana; ela é uma criatura luminosa vinda como um presente dos céus que, eu descobri, ELE tinha pedido. Pedido concedido, meu pesadelo estabelecido.

Oh meu Deus, POR QUÊ?

Gênesis Apocalíptico

Não tinha aquele frescor de tudo o que é novo. Eu já suspeitava que isso ia acontecer. Eu vivi o que não me convinha, aí aconteceu isso. Como se nada tivesse mudado e eu ainda estivesse naquela canseira que sentimos quando uma batalha está chegando ao final. Mas sabe o pior? Ela só está começando.
A roupa era nova, bonita, conquistada. Mas o corpo que a usava já era velho demais para abrigar algo novo, como se precisasse de um banho que rompesse a pele velha.
Tudo era novo, menos a essência. Principalmente o amor: ele já está gasto pela convivência, por isso notei que meu coração batia cansado.
É esse o meu começo?
Não pode ser! Eu queria tanto me sentir melhor! Mas não me sinto! A fórmula já é velha para os amigos já velhos. A única pessoa nova é aquela que estou tentando encontrar: a mim mesma. Mas para isso vou precisar ir deixando aos poucos de usar as roupas velhas.