segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Perdi mesmo a conta de quantas vezes sonhei com você desde que te conheci, mas hoje deve ter sido provavelmente a 10ª. Eu te seguia e te perdia, e ia te procurar na praia, mas tinha sempre alguém pelo caminho e a praia parecia longe.... mas então eu aceitei a carona de alguém e quando passamos em frente à praia, eu te vi sentado na areia olhado para o mar - seus cabelos são inconfundíveis. Eu pedi para descer e fui ao seu encontro. Quando falei com você, você quando olhou para mim com o rosto de uma pessoa que não tem nada a ver com a nossa história. Eu tentei ignorar o fato e, quando ia pedir para te beijar, eu acordei por conta própria.
É sempre assim, quando tento ver o seu rosto, ou de qualquer pessoa desejada, o rosto se torna outra coisa, geralmente oposta e sem qualquer ligação. E eu sonho com você toda vez que eu falo com você ou te vejo. Eu não lhe dou descanso. Eu queria que esse desejo passasse para você, porque eu me pergunto se o que você sente por ela é isso tudo o que eu tenho guardado.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Eu gostaria de saber até quando as coisas vão ficar neste pé. E então eu, com um pouco de alívio, penso 'para sempre, algum problema? Alguém já morreu disso?'. É muito fácil você pensar quando está em paz mental, porém.
Porque toda vez que penso em ir mais fundo, em ser um pouco mais... 'normal', é como se soasse falso. Completamente não-eu. Como se eu fosse uma boneca que não pode ter as roupas trocadas e o cabelo penteado de um jeito diferente, senão perde a forma e a magia. Eu gosto da minha magia, da minha aura. Mas tem vezes que eu preciso que ela seja trocada. Eu penso que tenho muito o que trocar mas depois eu penso melhor e vejo que na verdade o que eu tenho por dentro não é algo para ser compartilhado. Eu não quero que vejam, eu não quero que saibam, eu não quero que descubram. Eu só quero ser cuidada.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Eu gosto dos seus cílios longos e do desejo pesado que eles escondem.
Tudo parece inútil, não importa como ou o quanto fale. Isso quer dizer que não sou eu quem vai conseguir te mudar.
O que eu faço para te salvar?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Eu me apropriei de tal forma de você, de seus sentimentos, da sua felicidade, que nada do que você sente me satisfaz por completo. Eu tenho uma teoria: é porque o que você sente não vem de mim, do que eu faço para que você acabe se sentindo de uma certa forma. Mas quando isso acontece, ah, minha felicidade é completa. É claro que eu sorrio quando você sorri e tenho vontade de morrer quando vejo que algo deu errado porque não posso cuidar de você, mas é que eu me sinto realmente impotente. Eu queria carregar seu destino nas minhas mãos porque estou com medo do que você está fazendo com ele, mesmo que eu saiba que seja uma responsabilidade muito grande. Mas eu sou forte. Mais forte que você. Não é isso o que você acha?

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sua humanidade é quase palpável, e se eu quiser senti-la, só preciso te observar, e imagine você que observo de muito, MUITO longe. São traços fortes que me doem os olhos e são massivos e pesados mas quando eu posso quase que mastigá-los, são ao mesmo tempo macios e doces.
Mas o palpável não vem apenas com os traços, mas o que você faz com eles. Eu posso sentir o seu beijo quando você fecha os olhos porque todos os seus sentidos se voltam para a sua boca que se move e direciona a sua alma para algum lugar aqui dentro da minha que se inunda e transborda. Mas não sei para onde esse excesso vai. Às vezes eu fico com o peso dessa inundação estranha e eu me vejo precisada do seu toque.
Eu estava observando seu rosto outro dia, coisa que não deveria estar fazendo, e bolei uma teoria sobre por que seus cabelos eram curtos, quando o tipo deles pediam para serem estirados e cuidados, mas você os mantém assim, contidos, sem atrapalhar a sua fronte. Acho que se eles fossem mais longos, causaria uma tal explosão de perfeição e loucura que ninguém suportaria. Então você mantém esses cabelos desalinhados e curtos para que você ainda tenha permissão de permanecer na Terra. Desse jeito quem percebe que não pode se manter neste lugar sou eu, porque minha beleza não existe quando eu percebo suas formas escondidas, guardadas, enquanto eu grito um pouco da beleza que tenho para preencher o espaço vazio que tem aqui dentro,  e eu te vejo tão cheia tão transbordante que é quase insuportável. Eu te odeio.
Você não parece ter sido feita pra ser amada....e talvez justamente por causa dessa grande tragédia, todos se sentem na obrigação de te amar, porque porque porque....  deixe-me ver uma explicação..
Acho que acaba cabendo em nós algum tipo de admiração por tudo o que 'não é'. Se algo 'é', nós fazemos questão de tornar o que 'não é'. Você 'não é' mas te tornamos 'é', o que é muito engraçado, porque temos uma ânsia maldita em querermos ser iguais aos outros mas quando se trata de idéias, fazemos questão de dizer que pensamos diferente, que pensamos melhor, ou melhor ainda, que pensamos pior mas a idéia do pior nos parece mais 'humana' mais 'politicamente incorreta', e por isso mais aceitável. Você então se faz politicamente incorreta e abraçamos a sua idéia e caímos no seu jogo. Esperta, eu diria. Mas você não sabe sair dele, este é o ponto.
E sabe o que mais? Eu adoro ser enganada. Mas eu sei que nesse jogo de contrário, quem se engana o tempo todo é você.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Eu cresci rápido demais. Nunca gostei de ser criança, de ser tachada de criança e ser olhada como criança, então talvez por isso sempre repudiei os risos infantis, os pensamentos fantasiosos e brincadeiras de imaginação em excesso; era preciso que houvesse algum elemento que pudesse me fazer acreditar que era real, para que eu não ficasse pairando na fantasia sem saber como colocar os pés no chão.
Hoje em dia eu reconheço isso e me machuca porque eu percebi que meus pensamentos são por demais adultos, sobre restrição, generalização, realidade e ainda mais liberdade. Tudo ou é ou não é. Você é de um jeito ou de outro. Você NÃO PODE ser daquele jeito porque é inaceitável. Isso NÃO EXISTE. Isso NÃO ESTÁ CERTO. Isso NÃO PODE ACONTECER. Eu me sinto confortável assim, pra te dizer a verdade. Porque apenas colocando rótulos ainda que inúteis eu sei que cada coisa fica em seu lugar. Nada fica pairando com o risco de eu não conseguir pegar. Isso me deixa segura.
Mas eu sei que o mundo não pode ser dirigido dessa maneira então eu me envergonho. Embora se não fosse esse mundo que QUER que eu recupere a fantasia e a liberdade porque a diversidade hoje em dia te OBRIGA a ser tudo ao mesmo tempo. Você não é mais uma coisa só então logo você tem que ser tudo senão se sente um nada. É quase um dever voltar a ser inocente. Coisa que não é inocente coisa nenhuma. Se eu não soubesse que sou de um jeito, se eu não me rotulasse, eu até poderia. Mas.

다행이다...

 É como se eu estivesse solta no espaço e tivesse um monte de fios que poderiam me dar um pouco de segurança, mas que não consigo agarrar... até que agarro um pelas pontas. Vamos ver se vou cair.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Eu sabia que uma hora ele se viraria para mim, e então abaixei a cabeça e agi como se nada estivesse acontecendo, afinal quem sabe seria só impressão... mas não foi.
'Você é importante', ele disse, enquanto tocava meu ombro, e nós três desatávamos a rir de vergonha da situação que se formou por culpa dele. Ah claro, ele tinha toda a razão. E justamente por ter prestado atenção na minha conversa e  ter me dito algo simples e direto, eu senti uma tremenda vergonha pelo que tinha falado antes. Hoje de manhã eu encontrei um garoto de blusa azul. Tinham mil detalhes nele que faziam ele ser o único digno da minha atenção, mas o principal dele era a blusa azul. E logo mais, no almoço, eu percebi que todas as pessoas bonitas ali estavam vestindo azul. E foi ali que tornei a vê-lo. O azul-real dele era o mais bonito de todos. E então o desejei, e disse à Juliana como eu me sentia quando via alguém daquele porte sendo obrigado a respirar o mesmo ar que eu. Como se eu pudesse um dia estar no nível dele e me fazer mais importante não rápido quanto ele foi para mim em questão de segundos.
'Você é importante' e eu não sei se era tom de ironia ou porque queria que eu me sentisse u cadinho melhor.. seja o que for, ele não tinha a intenção de me deixar mal, eu lhe dei uma chance e descobri como ele era doce. Façamos de coisas que para nós eram importantes. Ele me fez me sentir importante.... acho que mais que o que o garoto de blusa azul faria.
Eu rio de mim mesma logo após me referir a você como uma divindade. Como é que a minha ansiedade de acreditar em algo belo e perfeito faz de você o refém dos meus sentimentos. Fico pensando se poderia ser qualquer um em vez de você.. talvez sim.  Mas eu penso que minha escolha foi boa. Te venerar é bom, me coloca em uma prazerosa posição de [submissão]conforto. Ter irgulho de mostrar-se capaz de dedicar a alguem de forma quase, não sei dizer, religiosa, e uma coisa significante em certos lugares. Mas não é sempre assim. Então me preocupo. E então te guardo no bolso. Ninguém precisa saber o quanto somos felizes juntos. Você não é feliz?
Não é que é ruim 'fazer história'. Na verdade eu não sei daonde vem esse medo, como se fosse uma vergonha não de existir, mas existir da maneira errada. Tudo o que eu sou foi uma coisa tornada maior, ou não. Uma coisa que já existia. Nada foi criado por mim, não por depois apontarem o dedo perguntando o que eu fiz, asm de não conseguir manter e tudo sumir.. Mas nada some por inteiro... sempre alguém vai se lembrar. E eu tenho medo desse alguém. É um medo cego, não sei daonde vem. Mas é o que eu tenho.
O cheiro enjoativamente infantil dele estava entranhado nas minhas mãos depois de se entrelaçar com as dele, que eram tão macias e tão quentes que suavam perigosamente. Mas era confortante. Ele era bonito e muito delicado, com a pele mais macia que jpa toquei, e tudo o que eu queria erar ficar com ele como cuidar de uma boneca. Foi quase como se apaixonar como uma garota... ali eu não era mais uma garota. Eu era um monstro que não sabia mais fazer carinho. Teve um momento em que nossos olhos se encontraram e não se desfizeram... eu sou uma pessoa que sepre foge mas isso não aconteceu dessa vez. Talvez porque eu sabia que VOCÊ ia fugir [o que no final você fez], então eu me sentia na obrigação de cuidar que tivéssemos alguma relação memorável por alguns minutos... alguma coisa que você pudesse se lembrar. O nosso encontro na verdade foi a minha 'segunda vez'. A minha primeira tinha sido desastrosa, com alguém que tanto não sabia conduzir como eu também não sabia como dizer o qu eu queria. Dessa vez fiz certo, pena que foi com a pessoa errada... Mas quem sabe a maciez das suas mãos tenham sido  uma preparação da rigidez que eu procuro há tanto tempo...
Nós podíamos agora existir juntos mas não, você teve pressa. Mas quem sente a sua pressa sou eu porque quem corre sou eu, que corro atrás de você sem fazer barulho. Se você parasse um pouco de andar e olhasse para trás, talvez...
Mas eu sei que não vai olhar. Continue andando então mas ande por vezes de lado para ver minha silhueta ou com os ouvidos atentos para que sinta a presença dos meus passos. Já vai fazer uma grande diferença.
Eu nunca acreditei, nem quis que tudo tivesse um fim. Porque eu não encontrava sentido em lamentar o fim das coisas boas, e não das coisas ruins, como se só as boas tivessem fim. É o que parece, ao menos.. o mal nunca irá embora, e enquanto ele não for, haverão pessoas dispostas a fazê-lo ir [embora saibam que uma hora ele vai voltar] e assim o sofrimento, e consequentemente o desenvolvimento, não vai permitir que a alternância da guerra em busca de paz deixe a humanidade cair.
E então eu entendo por que vivo com medo, e ele me assusta quando eu REALMENTE o percebo aqui, mas depois ele se esconde, não some, apenas fica ali. Eu queria viver sem medo. Mas eu só sou eu porque estou sempre com medo..

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Droga, que vontade de não ser humana.

L. [I]

Nós dois, quando estamos juntos, nos sentimos acima da terra e do mar, como dois príncipes que sabem que se pertencem e que não precisam assumir: nossa postura fala por nós. Nossa conversa é cadente e calculada, e hoje eu percebi que não é só eu quem conduz essa dança por demais pomposa: você também faz isso, só ainda não descobri se é por querer. Sua celestialidade se revelou para mim desde que te vi pela primeira vez, então quer dizer que é mais ou menos normal, mas até onde e por quem?
Mas, minha carne insiste em querer ser mostrada, mesmo que ela acabe se chocando contra uma fria parede de 'angelicalismo' [?] que aparece entre nós dois [da sua parte, é lógico]. Você sabe, quando duas pessoas começam a se medir, é porque uma delas está mentindo descaradamente pelo desejo de ser aceito.
Eu fico imaginando seu beijo e sinceramente, não consigo sentir gosto nenhum. Quer dizer, eu não consigo saber. Então me dirijo à sua pele e seu cheiro para ver se encontro algum cheiro de pecado. Mas o  seu cheiro é algo realmente imaculado, uma coisa doce que tem a ver com os demais homens que encontro  e por quem nunca teria coragem de tirar a roupa. Ou talvez seja porque eu procuro você em todos os homens, porque eu ainda não entendi como te desejo tanto mesmo sabendo que você [parece, só parece] não poder[querer] me satisfazer. Acho que se você só segurasse a minha mão eu já seria uma mulher muito realizada, pra ser honesta. Só um aperto de mãos, cadente, calmo e de beiradas. Exatamente como nós dois somos.

Eu digo que sou uma pessoa que gosta de saber o que está fazendo. Mas estranhamente, nesse campo, eu gosto dos acasos. Não é uma coisa que a gente pense 'vamos fazer assim'. 'vamos pra lá'. 'te encontro amanhã, esteja pronta'. Não. Eu gosto não do susto da surpresa, mas o prazer do não sentir. Porque se eu sentir algo, com certeza vai ser medo, porque toda vez que eu sinto algum tipo de expectativa, essa expectativa vem seguida do medo. E depois, a desistência. Porque não aguento a dor. Eu não gostava de ir na montanha-russa quando era criança, e não gosto até hoje. Porque não gosto do que tem ali. É algo programado, mas algo que antecipo e por isso, sinto medo.
Então, não faço. Se vai me dar medo, não vou fazer. Mas se quiser que eu faça algo, faça com que eu faça sem saber. Pra não doer.
Ele queria uma intimidade diferente do que eu desejava. Não uma intimidade maior. Só diferente. Talvez ele fosse um homem diferente mas como posso imaginar o que estava se passando pela cabeça dele? Ele perguntou onde eu ia, mas não perguntou meu nome. Disse que eu não 'parecia daqui'. Eu não me pareço com ninguém. Interessante, né?
Na verdade talvez eu não quisesse intimidade nenhuma, e tudo fosse só uma obrigação mulheril de se fazer aceita[notada] e lembrada[desejada] por qualquer pessoa cuja atenção consiga capturar. Eu já podia imaginar acordando sobressaltada pelo quente da mão dele sobre minha coxa. O que ele explicaria?
Eu tinha o quente da voz, porém. Mas não conseguia sentir calor algum porque entre o lóbulo da minha orelha e a boca dele se encontrava a névoa do medo, e então tudo o que eu sentia era um desejo enorme de sair dali..
..mas um enorme desejo de ficar, fazer esse medo ir embora e sentir algum calor vindo da mão dele. Talvez não fosse o que eu honestamente queria, mas mas só eu sei o tanto que eu precisava.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Eu já lhe disse como escuto música?
Eu não escuto. A música é apenas um intermédio para melhor visualização dos meus sonhos que demandam a trilha sonora. Os passos e o rosto e os movimentos são o principal. Não a música. Eu não ouço pelo prazer das notas, mas pelo prazer de me ver executando aquele movimento para alguém em especial.
Minha mente então não descansa. Aliás, acho que ela não descansa quando estou relaxada. Eu não sei o que é dormir para descansar. Meu único propósito de ir para a cama é sonhar com um mundo tão belo e talvez real ao que eu vivo quando ouço a música. Coisa que não acontece enquanto estou acordada e ativa.
Esses dias, porém, tenho tido o vazio enorme de não ter nenhuma imagem pronta, nenhuma expectativa que me faça querer fechar os olhos. E então eu me forço e em vez das minhas belas imagens, demônios aparecem. E me deixam ainda mais acordada.
Esse esforço deixa minha mente cansada, enquanto meus dias ficam vazios. Eu sei que para alimentar meus sonhos eu preciso colocar um pouco de vida. Mas não existe vida em mim. Eu só viveria se não fosse eu.
Eu realmente gostaria de ser alguém diferente, para poder viver. Mas diferente de um modo que eu não pensasse 'oh como estou diferente', mas que fosse no automático e eu não olhasse para trás ou para o espelho. Por que a partir do momento em que isso acontecesse, eu lembraria que minha mente sabe que 'não devo existir'  e então me recolherei.