sábado, 18 de dezembro de 2010

Porque já foi registrado.

Era um sonho cor de sangue. Eu gostaria de falar que era um sonho cor de vinho, pois havia cheiro de ilusório em toda parte.
Mas a verdade é que era cor de sangue, eu estava feita de sangue. Um sangue quente que queria correr livre. Eu estava coberta de sangue, e tudo era intenso, forte, vermelho e brilhante.
Mas o sangue não era suficiente. Meu rosto não havia sangue, nem ao menos rubor. Meus lábios estavam completamente frios, e queriam sangue, mas eu disse, ele não era o suficiente. Nem num sonho pode-se ser suficiente, porque eu não sou suficiente.
O sangue não passava pelos lábios, mas iam direto para a minha cabeça, contaminando-a, fazendo-a quente e poderosa e ágil, e meus lábios pediam, o meu sangue pulsava e distribuía-se...
Mas não houve sangue. Não até que meus lábios se cansassem de pedir e fossem à procura de sangue. A todo custo, a qualquer momento.
Até que houve sangue.
Sangue, muito sangue, e vinho e tudo. Mas imagine, ele não era quente.
Mas era sangue. Lábios se contorciam e tinham mais e mais sangue, e inchavam e esquentavam. O sangue havia se concentrado nos lábios. Tudo estava frio, afinal. Por que não era quente? Por que era outro sangue? Não sei. Eles pediam mais, pois ainda havia esperança. Mas ainda era um pouco frio.

Mas as lembranças são melhores que os momentos. O sangue está quente, afinal. E distribuído. Para tentar manter o sonho vivo. E vermelho. E quente.

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