terça-feira, 12 de julho de 2011

'He's a stranger to some, and a vision to none. He can never get enough, get enough of the world...'

E assim faço a matéria, a obra, o físico. Te faço.
Você me dá pedaços seus, feitos de lábia, fantasia e carinho, e eu os viro e reviro entre as mãos, e o que antes era quase como névoa se mostra por fim algo sólido e até pesado. Não suporto segurar.
Então faço-o tomar forma e conseguir se suportar, lhe empresto minha imaginação e lhe dou força. Faço algo meu e para mim, para que possa me desejar e proteger. Isso já é obra sua, pois a mente é sua, as palavras são suas, foi você que as passou para mim para que eu as moldasse o quanto precisasse. Assim a idéia do corpo é minha, e o que eu quero é mais que meu, é mais que uma idéia minha, quero algo carnalmente seu. Então invento. Preciso. Imploro.
Eu não acredito que se pode sentir uma sombra e tocar um rosto invisivel, e sentir a mão agarrando-se à da sombra. Mas é o que eu tenho feito. Logo, sou sombra. Ao menos sou sua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário