segunda-feira, 30 de maio de 2011

'Everytime I try to fly, I fall without YOUR wings. And everytime I see you in my dreams I see your face, you're hauting me, I guess I need you, baby.

Meus olhos estavam ocultos por um chapéu, então espero que você não tenha reparado que eu estava te olhando. Coitado.
Eu perguntei a ela se ele era bonito, e ela disse que sim. Eu não conseguia ver. Mais do que sinais de beleza, eu procurava um traço muito significativo para mim. Eu quase podia ve-lo, mas eu não sabia se era algo da minha cabeça ou se realmente você tinha aquela famosa pinta do lado esquerdo acima da boca. Eu podia quase vê-la.
Mas uma coisa me desconfiou: se realmente fosse você, talvez você retribuisse o meu olhar.tão intensamente quanto eu estava fazendo. Afinal ele ainda sabe quem eu sou, espero, então presumo que olharia também. Quer dizer, de fato você estava me olhando, eu vi, mas foi só por uns momentos, como que se perguntando por que uma estranha de chapéu e cabelos na cara estaria olhando. Bom, você podia pensar, você estava atraente. Estava vestido de anjo, assim como outros dois caras que encontrei pela noite. Mas foi você quem vi primeiro, e era como se você brilhasse. Ah, e você não estava seminu, estava de camiseta branca, e eram asas grandes e imponentes, voltadas para baixo. Achei que você não era quem não devia ser porque parecia mais baixo e mais forte, mas não sei, não tenho idéia de como é o corpo dele hoje em dia, apesar de ter ouvido que está ainda mais alto e ainda mais magro. Você estava a meio metro de mim, encostado num poste, olhar perdido, como que esperando por alguém. Nenhum de nós podia se movimentar, era muita gente junta. Você parecia não estar ali. Por Deus, QUEM ERA VOCÊ?
Desisti. Pus os óculos e olhei meio de lado. Que droga. Você não era 'você'.

***

Pelo resto da noite eu nunca mais vi aquele anjo, e aparentemente o esqueci.
Até a hora de sonhar.
Eu estava exatamente onde encontrei aquele anjo, ou melhor, estava revivendo aquela cena, aquela hora em que olhei para um garoto de cabelos encaracolados vestido de anjo. E a cena mudou.
Era você. MEU DEUS, ERA VOCÊ. Você tinha uma pinta. Você não ia falar comigo?
Amanhecia o dia, e eu estava sentada no meio-fio, como eu realmente tinha feito, e você estava por perto. Por alguma razão que eu não consigo me lembrar, assim que eu me levantei você foi até o meio-fio e se deitou. Eu tinha ido para junto dos meus amigos e, meu Deus, eu ia falar com você ou não?
Eu olhei mais uma vez e exclamei alto, mas ninguém ouvia. 'mas é claro que é ele! Anjo... Angel... Angelo...'
Eu tinha deixado meu casaco no meio-fio de propósito, caso eu reunisse coragem para me aproximar de onde você estava, assim, 'como quem não quer nada'. E foi exatamente o que eu fiz. Me afastei e fui para o meio-fio para pegar o meu casaco. Eu não olhei para você enquanto me encaminhava e pegava. Mas quando eu já ia embora, eu vi que você estava bem embaixo de mim, ainda deitado no meio-fio. E sorria para mim.
Eu não me lembro do que aconteceu logo depois, mas o que eu lembro é que você disse algo para que eu falasse com você. Estava extremamente receptivo, e sorria. Nós nos abraçamos e lembro de ter chorado. Muito. Mas você também estava chorando. Fazia carinho no meu cabelo.
'Vamos pra casa...'
Era um dia muito quente e bonito. Você estava sem camisa. Eu te perseguia pelo quintal [dessa vez era a casa onde eu moro, acho que é a primeira vez em que sonho que estou nela] e ia te fazendo perguntas, e você a respondia. Você estava na faculdade. Você estava bem. Estava tudo bem agora que eu tinha te reencontrado.
Aí acordei. Era a melhor sensação do mundo.

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