segunda-feira, 30 de maio de 2011

"I'm loving angels instead..."

O seu nome já dizia o que você era. Por isso eu resolvi pôr outro nome. Karl.
Não pergunte daonde saiu a inspiração para esse nome. Não, não foi por causa de Karl Marx. Achei um nome bonito e importante. Afinal você não pertencia ao lugar que eu vivia.
Eu te reinventei e o descrevi como um anjo atrevido. Tudo o que eu queria que você dissesse, você diria para a idiota que eu tinha inventado para ser seu par romântico. Eu não me pus ali, em nenhuma das personagens, eu achava que era muito para mim. Eu era só a narradora de algo que eu queria que fosse meu. O Karl era meu e eu o manipulava a cada palavra, e isso me fazia feliz.
Foi o primeiro romance que tive coragem de escrever. E espero que seja o último. Eu tinha 12 anos. A história não passava de uma encheção de saco pré-adolescente, que toda mulher que não deixou de ter sonhos de menina adora escrever, e isso faz delas ricas, queridas e inspiradoras. Mas são patéticas. E eu não me inspirei em ninguém. Era algo só meu, baseado num alguém que só eu conhecia.
Mas não tinha muito da personalidade dele no que eu escrevia. Aliás, nem um pouco. Não passava de um rosto bonito com asas nas costas, e isso bastava. Eu só queria poder reinventar seu modo de falar comigo, digo, com a personagem, e eu me apaixonava pelo que eu inventava, e quando via o seu rosto cara a cara, eu morria de vergonha porque tinha usado o rosto dele para algo que com certeza acharia ridículo. Mas me fazia feliz.

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